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PETROBRAS NÃO PRETENDE, DE IMEDIATO, REPASSAR AUMENTO AOS COMBUSTÍVEIS | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

PETROBRAS NÃO PRETENDE, DE IMEDIATO, REPASSAR AUMENTO AOS COMBUSTÍVEIS

A Petrobras sinalizou ontem (24/02) que não responderá de imediato à intensificação da alta do petróleo, decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia, e que vai observar um pouco mais o comportamento da commodity antes de decidir sobre o reajuste dos combustíveis no Brasil. A companhia também afastou riscos ao abastecimento do mercado doméstico, diante dos temores de que o conflito Leste Europeu desequilibre o fluxo de óleo e gás natural no mundo.

Ante a escalada das tensões geopolíticas, o barril de petróleo do tipo Brent, referência global, chegou a atingir ontem pela manhã o patamar de US$ 100. Foi a primeira vez que a commodity superou a barreira desde 2014. Depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciar a intenção de liberar a reserva estratégica de petróleo americana, se necessário, para proteger os consumidores do impacto do aumento dos preços, o barril desacelerou e fechou o dia a US$ 95,42, alta de 1,45%.

A valorização da commodity pressiona diretamente os preços dos combustíveis no Brasil - que já convive com uma inflação dos derivados. Segundo dados mais atualizados da Triad Research, empresa de pesquisa de mercado, o litro da gasolina era comercializado, em média, a R$ 6,787 no país, no dia 23, enquanto o litro do diesel S10 custava R$ 5,766, nas bombas. O encarecimento dos combustíveis é alvo de intensa politização na corrida eleitoral de 2022.

O diretor de comercialização e logística da estatal, Claudio Mastella, descartou qualquer mudança na política de preços da petroleira, alinhada desde 2016 ao comportamento dos preços internacionais do petróleo e derivados. Ele reforçou, contudo, que a companhia evita repassar as volatilidades conjunturais aos consumidores. A petroleira está há 44 dias sem mexer nos preços nas refinarias. O executivo afirmou que a desvalorização do dólar ante o real ajudou a compensar parte do aumento do petróleo desde janeiro e permitiu à empresa manter os preços inalterados no período.

A consultoria Stonex estima que existe espaço, hoje, para um reajuste de 7,8% (R$ 0,28 por litro) nos preços do diesel vendido pela Petrobras nas refinarias. No caso da gasolina, a alta estimada é de 8,1% (R$ 0,26 por litro), se considerada a defasagem dos preços da estatal para a paridade internacional. Mastella disse que a companhia vai precisar observar o mercado e do câmbio por mais tempo antes de realizar novos movimentos. “Tivemos um pico hoje [quintafeira] de preços que ainda não estabilizou. O mercado todo está observando o que está acontecendo, tentando avaliar as consequências e extensão da crise”, comentou, na coletiva de imprensa sobre os resultados financeiros de 2021.

“A Petrobras está monitorando em detalhe a evolução dessa crise na Ucrânia, mas até o momento ela está restrita àquela região. Por conta disso, dada a situação que estamos vendo hoje, não vemos impacto na segurança de atendimento aos nossos clientes aqui no Brasil, que são atendidos primeiro, em grande parte, pela nossa própria produção e uma pequena parcela por importação, mas de origens distantes da região de conflito”, completou.

O diretor de refino e gás natural da Petrobras, Rodrigo Silva, disse que o cenário também não traz riscos de ruptura às importações brasileiras de gás natural liquefeito (GNL), mas que os custos com regaseificação devem ter um impacto “significativo”.

A Rússia é a maior fornecedora de gás natural da Europa. Esta semana, a Alemanha suspendeu a certificação do gasoduto Nord Stream 2, construído pela estatal russa Gazprom para levar gás da Rússia direto aos alemães. A medida foi uma das mais importantes entre as sanções impostas por países europeus contra o governo russo, em resposta à invasão da Ucrânia. A expectativa e que a Europa recorra às importações de GNL de outros países, sobretudo de grandes produtores como os EUA, e que o balanço de oferta e demanda fique mais apertado.

Os executivos da Petrobras também comentaram sobre potenciais impactos da alta dos preços do petróleo sobre o planejamento estratégico da companhia. O diretor de desenvolvimento da produção, João Henrique Rittershaussen, disse que não vê espaços, no curto prazo, para antecipações de projetos. A companhia tem 15 plataformas previstas para começar a operar até 2026. “Não há espaço para mudar o plano de produção nos próximos três a quatro anos”, afirmou o executivo, em teleconferência com analistas e investidores.

Ele ainda disse que ainda falta uma clareza maior sobre qual será o impacto da valorização do petróleo sobre a inflação de custos dos fornecedores. A indústria global de óleo e gás, como um todo, tem sentido os efeitos do aumento dos custos, diante do desarranjo das cadeias produtivas após a eclosão da pandemia e da alta da commodity. “Em nossas análises acreditamos que, para ter um aumento nos preços de equipamentos e serviços, precisaríamos ter uma perspectiva de que vamos permanecer com preços altos por um longo período”, afirmou.

Eventuais mudanças no plano de negócios da companhia só serão discutidas no âmbito da revisão do planejamento plurianual - que costuma ser atualizado no fim do ano. O diretor financeiro, Rodrigo Araújo, afirmou que, mesmo com a expectativa de aumento da geração de caixa, a estatal segue focada em investir apenas em novos projetos de exploração e produção de óleo e gás que sejam rentáveis com o barril a US$ 35.

Ele disse, ainda, que a companhia pode avaliar uma distribuição extraordinária de dividendos ao final do ano, dependendo do cenário de preços no mercado em 2022. A empresa encerrou 2021 com um lucro líquido acumulado de R$ 106 bilhões e se comprometeu a pagar um valor recorde de R$ 101,4 bilhões aos acionistas, relativo ao exercício do ano passado.

Em função da volatilidade do mercado, Araújo disse ainda que é impossível antecipar, neste momento, quando a empresa retomará os planos de avançar com a oferta secundária das ações da Braskem, em conjunto com a Novonor (exOdebrecht). A operação estava prevista para janeiro, mas foi adiada, segundo Araújo, devido às dificuldades trazidas pelo ambiente de mercado “bastante desafiador”. “O que temos feito é avaliar melhor momento de mercado.


Fonte: Valor Econômico

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