Estudo vai avaliar biodiversidade do solo e demanda hídrica da cultura
Uma parceria entre as empresas de biológicos Biotrop e a de gestão agrícola NovAmérica, vai avaliar aspectos da lavoura de cana-de-açúcar fundamentais para o bom desempenho da cultura. De forma inédita no mundo, a iniciativa chamada de projeto Agrobiota vai investigar, além da fertilidade, estrutura e teores disponíveis de nutrientes.
O mapeamento da vida no solo será realizado por meio da análise da microbiota, ou seja, é uma ação que acrescenta o fator biológico nas análises, que hoje comumente contam apenas com fatores químicos e físicos. O projeto está fundamentado em três bases: a primeira é realizar uma completa análise de solo a fim de identificar microrganismos benéficos e os potencialmente patogênicos, melhorando a sanidade e vigor das lavouras. O segundo é mapear o sequestro de carbono no local, com foco na agricultura de baixas emissões, e por último, e tão importante quanto, analisar a demanda hídrica.
Para construir esse mapa de análise do metagenoma em cana-de-açúcar, será utilizada uma área de três mil hectares localizada na cidade de Assis, no Oeste paulista, gerida pela NovAmérica. De acordo com a pesquisadora da Biotrop, Juliana Marcolino Gomes, que está à frente do Agrobiota 2.0 (como tem sido chamada a evolução do projeto) a estratégia é avaliar as áreas da cultura com diferentes variedades em ambientes de produção distintos, com os mais diversos tipos de adubação, seja com ou sem vinhaça, ou adubação com composto orgânico, entre outros. “O que almejamos é ter uma ampla referência, dependendo do tipo de manejo que é realizado, e entender qual é o manejo biológico que precisa ser feito”, destaca a especialista.
Uso de biológicos
O projeto está em fase inicial. As primeiras coletas iniciaram no mês de setembro e a previsão de conclusão é para dezembro de 2022. Com os resultados do Agrobiota 2.0, será possível identificar necessidades relacionadas à disponibilização de nutrientes e recomendar o uso de microrganismos solubilizadores, mobilizadores e promotores de crescimento vegetal. Estes biológicos serão aplicados no início da cultura com o objetivo de aumentar a disponibilidade de nutrientes.
A outra frente será em relação ao biocontrole dos principais nematoides, fungos e pragas que acometem os canaviais. “Fizemos um ajuste fino para definir quais áreas seriam avaliadas, quantos pontos em cada uma delas, quais os grupos são interessantes para fazer comparações. O que é mais importante nesse projeto é que nós definimos tudo junto com o corpo técnico da NovAmérica, vamos em busca das respostas para as várias perguntas que eles gostariam que fossem respondidas, e com isso, potencializar os resultados das lavouras dentro do manejo”, reforça a pesquisadora.
Agricultura de Baixo Carbono
Uma das questões levantadas pelos produtores foi em relação a emissão de carbono, contemplado no projeto. De acordo com a especialista da Biotrop, será possível mensurar o quanto as recomendações reduzirão a emissão de carbono. “Por exemplo, para um produtor que usa o adubo nitrogenado, conforme se reduz a necessidade de adubação haverá a diminuição da emissão logo de cara”, explica Juliana.
As análises de carbono no solo também ajudarão a entender o quanto de C a produção está fixando na biomasssa da planta e no solo. Isso porque quando a planta faz a fotossíntese, retira carbono da atmosfera, direcionando a maior parte para o solo pelas raízes. “Nós queremos entender a sustentabilidade como um todo, e dentro dessa questão estão inseridas a biodiversidade, o sequestro de carbono e a questão hídrica. Estes três pilares compõe a sustentabilidade, e foram solicitações dos próprios clientes da Biotrop, ou seja, são demandas do produtor moderno”, cita a especialista.
Vale lembrar que já há um mercado voluntário de crédito de carbono, que permite ao produtor a monetização. “Independentemente do aspecto financeiro, é extremamente importante guiá-los à uma técnica de manejo que vai permitir que suas áreas continuem sendo produtivas por mais tempo, pensando no futuro e no que vamos deixar para as próximas gerações”, reforça a pesquisadora.
Parceria consolidada
A operação da NovAmérica é composta por cerca de 42 mil hectares, entre próprios e terceiros, e conta com 1.200 colaboradores. A empresa de gestão agrícola, que tem como meta a alta performance e o desenvolvimento sustentável, é focada na inovação e tecnologia. Por esse perfil, já são parceiros antigos da Biotrop na utilização de novas soluções e produtos biológicos de seu portfólio. Os gestores da propriedade acompanharam e se interessaram pelo projeto Agrobiota, realizado pela Biotrop como piloto no Sul do País, e acordaram fazer algo parecido, mas focado exclusivamente na cana-de-açúcar.
Para Carlos Alberto Baptista, Diretor Nacional de Vendas da Biotrop, o projeto foi rapidamente do papel à execução devido às expectativas geradas entorno das possibilidades e resultados da ação. “Para nós da Biotrop foi um prazer enorme o alinhamento da parceria com a NovaAmerica para um Projeto de tamanha relevância para a sustentabilidade e rentabilidade do processo produtivo nas áreas de produção agrícola do grupo. Esse é um primeiro passo que estamos dando, e em poucos meses, ampliaremos o escopo do Projeto Agrobiota 2.0, em virtude da demanda crescente sobre o tema não só pelos produtores de cana, mas também por todos os agricultores Brasileiros.”, contou.
Baptista destacou ainda que as recomendações de manejo para a cultura podem ser alteradas com os aprendizados adquiridos. “Ser o pioneiro no mundo nesse tipo de estudos nos enche de orgulho, mas ao mesmo tempo nos traz enormes responsabilidades, pois muitas respostas serão obtidas e muito provavelmente muitas mudanças ocorrerão na condução das lavouras. Tenho certeza de que estamos com o parceiro correto, que tem o mesmo propósito que nós, ou seja, obter dados confiáveis e através deles trazer soluções adequadas às exigências mundiais atuais”, afirma.
Para Valdir de Oliveira, responsável pelo planejamento e desenvolvimento agronômico na NovAmérica, é muito importante ser parceiro da Biotrop nesse projeto que é uma iniciativa pioneira, inédita na cultura. “Isso é o que de fato nos posiciona como uma empresa de gestão agrícola inovadora, que acredita na ciência como fator fundamental para o desenvolvimento sustentável”, destaca.
Já Humberto Congio, responsável pelo desenvolvimento agronômico na NovAmérica, reforça que por meio desse novo patamar de análise de solo, poderão conhecer a capacidade de vida e fixação de carbono, além de ajudar a prever as necessidades do cultivo. “Com esse projeto, enxergamos a oportunidade de passar a entender a qualidade e quantidade de vida no solo, e a partir desses dados desenvolver técnicas sustentáveis de manejo agrícola que impactam na fertilidade, produtividade e longevidade das nossas culturas agrícolas”, acrescenta.
Expansão do projeto
O Agrobiota 2.0 está apenas no início, mas tem tudo para ser revolucionário no cultivo de cana-de-açúcar. Segundo Gian Garcia, coordenador da área de cana-de-açúcar na Biotrop, o Agrobiota 2.0, além do aumento na produtividade para a NovAmérica, promoverá para ambas as empresas inúmeros benefícios com as informações geradas.
Para o coordenador, o mapeamento será fundamental também para as outras áreas do Brasil além de São Paulo, como Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e os estados produtores do Nordeste. “Hoje em cana-de-açúcar, o mercado de biológico vem crescendo muito, na casa de 30% a 40% ao ano. A busca pelas grandes empresas e usinas tem aumentado, assim como em grãos. E nós, além da tecnologia dos produtos, conseguiremos com essa iniciativa também levar algo de diferente para o produtor, que é a prestação de serviços”, destaca.
Ainda segundo Garcia, a Biotrop quer oferecer algo a mais que todas as outras empresas de biológicos do segmento, pois tem objetivo muito mais amplo dentro da sustentabilidade. “Percebemos que no decorrer de todo o ano a cana-de-açúcar, em regiões como Goiás, Nordeste e algumas de São Paulo, está enfrentando muitos problemas com déficit hídrico, com baixa quantidade de chuva, um dos motivos de estarmos focados nesse tema”, finaliza o coordenador.
Por Eliza Maliszewski
*com informações da assessoria de imprensa
Fonte: Agrolink
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