Uma nova massa de ar polar deve se mover sobre as áreas agrícolas do Brasil nesta semana, ameaçando causar mais danos às safras de café e cana-de-açúcar já afetadas pelas fortes geadas da semana passada.
Esta seria a terceira onda de frio a trazer condições de congelamento para o cinturão agrícola sudeste do Brasil neste inverno, algo não visto há décadas.
O Brasil já vem sofrendo com uma das piores secas dos últimos 90 anos e lida com a logística de transporte que atrasa as exportações de safras importantes como o café para vários destinos.
As geadas de 20 de julho foram as mais fortes desde 1994 e já danificaram até 200 mil hectares de lavouras de café. Os futuros do grão arábica subiram quase 10% nesta segunda-feira, depois de uma alta de quase 20% na semana passada.
A massa de ar chegará ao Sul do Brasil nesta quarta-feira, de acordo com previsões meteorológicas, e então se moverá para áreas importantes de plantio nos Estados de São Paulo e Minas Gerais na quinta e sexta-feira.
“Não tenho certeza se a nova onda de frio será tão forte quanto a última, mas há uma tendência de um sistema de alta pressão… Não descartamos geadas generalizadas em áreas de citros, café e cana-de-açúcar”, disse Marco Antonio dos Santos, meteorologista da Rural Clima.
A seca no Brasil já reduziu as perspectivas para várias safras, incluindo café, açúcar e milho segunda safra.
A corretora de commodities Marex Spectrum disse nesta segunda-feira que algumas fazendas de cana-de-açúcar no Brasil tiveram até 35% das lavouras danificados pelas geadas, embora o impacto geral tenha sido menor.
As estimativas para a produção de açúcar do Brasil provavelmente cairão, acrescentou a análise.
O frio também pode afetar as safras de cana e café do próximo ano.
“Uma vez que (a massa polar) estiver sobre o Sul do Brasil, será lento para se mover. Isso pode permitir vários dias de geadas e congelamento no cinturão do café”, disse o meteorologista independente Mike Palmerino.
Ele prevê as temperaturas mínimas de -2 graus Celsius na quinta-feira e -1 grau C na sexta-feira.
“A seca do ar e a persistência de alta pressão do frio na superfície vão maximizar a capacidade de produzir frio prejudicial”, acrescentou.
Fonte: Reuters
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