Chuvas registradas no final de semana ajudam, mas foram muito irregulares e em baixos volumes na maioria das áreas, sem potencial para conseguir reverterem déficit hídrico desenhado nos últimos meses
A safra 2021/22 de cana-de-açúcar segue sendo uma incógnita para o mercado. No estado de São Paulo, maior produtor disparado do Brasil, a irregularidade climática ao longo dos últimos meses pode gerar uma quebra de até 7% na produção ante a temporada anterior, segundo estimativas do Consecana-SP (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo). Porém, há regiões com produtores que relatam quebras até acima dos 20%.
Maria Christina Pacheco, presidente do Consecana e produtora na região de Capivari (SP), explica que, em sua propriedade, a estimativa era de uma quebra de cerca de 7% nesta safra por conta de chuvas cerca de 50% abaixo da média neste ano, além do final de 2020. Porém, com os trabalhos de colheita, as perdas já superam os 10%. Apesar de um início de safra lento, Maria Christina também pontua que, neste momento, a maioria das usinas tem moagem em andamento.
“Em temos de estado de São Paulo, se fala de uma quebra em torno de 5% a 7%, em média, sendo que tem regiões onde a queda é muito maior. Na nossa região de Capivari (SP), alguns produtores veem perdas de safra de 20% ou mais nas suas propriedades porque a chuva é muito irregular”, explica Maria Christina. “Temos regiões que nunca viram uma seca tão drástica. No meu caso, ela se parece com a seca de 2014, quando nós tivemos uma quebra média de 25%”, complementa.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou na última semana que espera uma produção de cana de 326,75 milhões de toneladas no estado de São Paulo, quase 8% abaixo do ciclo anterior.
No último final de semana, chuvas foram registradas em áreas produtoras de cana-de-açúcar do estado de São Paulo, confirmando as previsões meteorológicas. Porém, seguiu-se um cenário de irregularidade e, em muitos casos, os volumes foram muito baixos e não devem conseguir reverter um cenário de déficit hídrico de meses. “É uma chuva que a gente diz que é pra apagar a poeira”, pontua Maria Christina, que ainda espera por uma recuperação de canas de final de ciclo.
“A gente ainda espera que as canas do final de safra se recuperem em uma porcentagem. Eu não consigo ver uma recuperação total porque elas já estão debilitadas”, explica. Além disso, os produtores paulistas já se preocupam com os impactos da seca na próxima temporada. “Em alguns locais, os produtores não conseguiram plantar a cana que estava prevista para o final do ano passado por causa da seca”, destaca a presidente do Consecana.
O cenário crítico de produção no estado de São Paulo tem sido refletido nos preços internos e externos da cana e seus subprodutos, inclusive com o valor mensal de abril do ATR em recorde na série histórica do Consecana-SP, a R$ 1,0141/kg ATR. “Todo sinal, é que teremos uma safra de bons preços, como teremos uma safra menor, e que também terá um ATR menor comparado com o recorde histórico da safra passada”, pontua Maria Christina.
Por Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas
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