A decisão das usinas brasileiras de atrasar a colheita de cana-de-açúcar pode acabar reduzindo as perdas da safra, depois que as plantações conseguiram se desenvolver após o impacto da seca.
Essa é a análise de Plinio Nastari, presidente da Datagro, que prevê uma queda menor da produção na região Centro-Sul do que outros analistas, como da BP-Bunge, Tropical Research Services e Itaú BBA, além da trading Wilmar International.
Os mercados analisam as perspectivas para o Brasil, o maior exportador de açúcar, para saber se o equilíbrio global da commodity resultará em déficit após a queda causada por safras fracas na Ásia. O açúcar acumula alta de quase 60% no último ano, proporcionando preços quase recordes para produtores brasileiros com sinais de que a demanda se manteve forte na pandemia e a preocupação crescente de que a estiagem no país reduzirá a oferta.
Embora a seca em abril tenha atrasado o desenvolvimento dos canaviais, as chuvas abundantes em março amenizaram o impacto. Combinado com a estratégia das usinas de atrasar a moagem, isso terá efeito compensatório no desenvolvimento e produtividade, disse Nastari. Até o fim de abril, 199 usinas processavam a matéria-prima em comparação com 217 no mesmo período do ano passado, e outras 30 devem começar na primeira quinzena de maio, segundo dados da Unica.
A produção de açúcar no Centro-Sul pode cair 7,8% em 2021-2022 em relação à temporada anterior, para 36,3 milhões de toneladas. A moagem de cana pode encolher 5,3%, para 572 milhões de toneladas, disse Nastari antes de apresentar os números durante uma conferência anual do setor coorganizada virtualmente neste ano com a Organização Internacional do Açúcar.
As projeções da Datagro pressupõem um declínio no teor de sacarose, e que as usinas irão desviar 47,2% do caldo da cana para produzir açúcar, em comparação com 46,07% na temporada anterior.
Nastari disse que a empresa espera mais dados sobre o clima nas próximas semanas, “o que deve determinar o destino da safra”.
Os preços estão altos e a demanda por etanol é firme, principalmente por anidro, o tipo usado na mistura da gasolina. Esse dado é importante, porque mostra que a demanda geral por combustíveis se recuperou totalmente, e produtores fazem todo o possível para aumentar a oferta do biocombustível, de acordo com Nastari.
O Centro-Sul deve produzir 28,47 bilhões de litros de etanol em 2021-2022, sendo 3,4 bilhões à base de milho, segundo a Datagro. Um ano antes, o biocombustível produzido a partir da cana somou 25,06 bilhões de litros, disse Nastari.
Fonte: Exame Online - retirado do Portal SIAMIG
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