O controle de doenças nos canaviais é uma necessidade de todo o setor. Um fungo (Waitea circitanta) encontrado em raizes de uma orquídea (Epidendrum nocturnum) rupícola crescida em pedras, localizado na reserva Ângelo Rizo da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Mossâmedes (GO), pode controlar doenças de plantações de arroz, tomate, soja e cana-de-açúcar. E de acordo com a coordenadora da pesquisa, professora Leila Garcês de Araújo, a aplicação do fungo nas plantas pode reduzir o uso de agrotóxicos no controle destas culturas.
A pesquisa do Laboratório de Genética de Microrganismos (LGM) do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG com professores e alunos das áreas de agronomia, química e biologia começou em 2010, com o objetivo de realizar a germinação de outra orquídea do cerrado utilizando o fungo, aumentando em 83% a taxa de germinação em laboratório.
O fungo é de fácil multiplicação em meio de cultura no laboratório. O uso do fungo reduzirá a quantidade de aplicações de agrotóxicos dentro do manejo das doenças na qual se usa a resistência genética da planta, o manejo da cultura e o controle biológico. “O uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil é muito alto, aumentando a incidência de câncer, a contaminação dos aplicadores, de suas famílias, de suicídios, além de ser maléfico para o meio ambiente”.
Na cana-de-açúcar os estudos foram realizados em laboratório e o fungo descoberto diminuiu o crescimento do patógeno da podridão vermelha . Já no arroz no arroz a brusone – tem 95% de controle e na queima de bainha – com controle de 62%. No tomate o nematoide das galhas – 85%. E na soja estudos em laboratório mostraram redução do crescimento dos patógenos de mancha alvo e podridão.
A pesquisa ainda continua e verifica a possibilidade do uso do fungo como fertilizante “Em estudo da planta de cana já plantada no solo, percebemos um crescimento com mais raízes com a presença do fungo do que na ausência”, explica.
Atualmente, a pesquisa da UFG avalia o efeito do fungo no campo de soja contra nematoide do cisto. Além disso, iniciam-se as pesquisas sobre o desenvolvimento formulações preliminares. “Estamos desenvolvendo um bioproduto que irá ser usado pelo produtor rural a partir do fungo que será usado no tratamento das sementes e em pulverização de plantas”, pontua a professora Leila Garcês de Araújo.
Investimento
A partir de julho deste ano, o laboratório assinou um acordo de parceria para pesquisa no campo com uma empresa nacional de controle biológico, que trabalha somente com produtos biológicos baseado em fungos e bactérias benéficas – Ballagro. O acorde prevê repasse de R$ 486 mil.
A pesquisadora acredita que em cinco anos o novo produto biológico já estará em escala comercial. “Assim, o produtor poderá usar para controle das doenças citadas, e também com efeito indireto no crescimento dessas culturas”, pontua.
Por Cejane Pupulin
Fonte: Canal -Jornal da Bioenergia
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