Uma das principais vantagens do setor sucroenergético é a possibilidade de “virar a chave” de produção para o produto que estiver remunerando melhor
Os integrantes do universo sucroenergético levaram um susto enorme com o cenário canavieiro sombrio desenhado no início da pandemia da Covid-19. O isolamento social derrubou o consumo de combustíveis. Apenas no mês de abril, a demanda por etanol registrou uma retração de quase 34% quando comparado ao mesmo período de 2019. Esse fato levou distribuidoras a cancelarem seus contratos de compra, o que afetou o fluxo de caixa das usinas, uma vez que elas dependem do escoamento quase que diário do biocombustível para manter um bom balanço financeiro ao longo da safra.
O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, diz que o segmento entrou nessa pandemia já bastante debilitado, e as condições só não pioraram ainda mais pelo fato de as usinas demonstrarem uma notável capacidade de readequação. “Mesmo com o estresse financeiro dos primeiros meses, havia uma safra para ser colhida e a cana não poderia ficar no campo. Além disso, precisávamos abastecer a população e os países que demandam nossos produtos.”
São Paulo responde por 60% da cana produzida no Brasil, a lavoura canavieira tem grande peso na economia paulista e seu declínio impacta diretamente mais de 300 municípios. Motivo suficiente para a tomada de decisões rápidas para não agravar a crise. O primeiro passo foi refazer a estratégia para que a safra se viabilizasse, como corte de custos, renegociação de contratos e revisão de mix.
Uma das principais vantagens do setor sucroenergético é a possibilidade de “virar a chave” de produção para o produto que estiver remunerando melhor. Nesta safra, o que salvou a queda na demanda de etanol, foi a melhor remuneração do açúcar.
“Graças a excepcional resiliência às adversidades, o setor de cana conseguiu passar por mais esse conturbado período sem grandes impactos e demissões em massa”, Padua
Padua conta que, antes mesmo do início do ciclo, já era esperado um incremento na oferta da commodity por conta de safras menores em outros países, como na Tailândia. Com a pandemia, esse intento não somente foi confirmado, mas estimulado. “A maior produção do adoçante foi uma excelente alternativa para as usinas que, após o susto dos preços abaixo dos patamares de custo nos primeiros meses da crise, conseguiram colocar seus produtos no mercado em valores dentro da normalidade.”
Com um mix mais açucareiro do que o normal, a produção brasileira de açúcar na safra atual totalizou 31,95 milhões de toneladas até 1 de outubro, um aumento de 46,23% em comparação com o mesmo período do ciclo anterior. O diretor técnico da UNICA salienta que, do aumento total de 10,10 milhões de toneladas na produção de açúcar observada até o momento, cerca de 7,40 milhões derivam da mudança do mix de produção e os outros 2,70 milhões resultam do avanço da moagem e da melhor qualidade da matéria-prima colhida.
Outro mercado que chamou a atenção este ano foi o de etanol para fins não carburantes, demandado para desinfecção e assepsia. No acumulado da safra até 1º de outubro, a comercialização desse tipo de produto foi 38,51% superior ao registrado em igual período de 2019. Esse montante representou 6% da comercialização total das usinas do Centro-Sul. Embora baixo, esse volume ajudou a compensar parte das quedas das vendas de etanol combustível.
Fonte: CanaOnline
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