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MOMENTO É DE INVESTIR PARA O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DA CANA E A MATRIZ DO TERCEIRO EIXO PODE AJUDAR | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

MOMENTO É DE INVESTIR PARA O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DA CANA E A MATRIZ DO TERCEIRO EIXO PODE AJUDAR

Estimativa divulgada pelo Pecege Projetos /Esalq/USP é de preços muito bons para a cana-de-açúcar nesta safra, beirando R$ 0,71/kg de ATR, e também na próxima. “Então, esse é o momento de investir para garantir uma boa produtividade”, disse o gestor do Pecege Projetos, João Rosa (Botão).

Uma técnica que pode contribuir para o aumento da produtividade nos canaviais é o conceito de colheita denominado por Matriz Tridimensional, popularmente conhecido como “Terceiro Eixo”. O sistema consiste em colher os canaviais seguindo uma lógica de idade, iniciando a safra com as canas mais novas e finalizando com as mais antigas.

O conceito é bastante simples, embora a execução possa ser um pouco complicada. Primeiramente, é colhida toda a cana planta, seguida das socas de segundo corte e, posteriormente, de terceiro. E assim sucessivamente. No ano seguinte, a colheita da área será realizada sempre com um mês de atraso. Se este ano foi em abril, no próximo será em maio. O objetivo é ganhar um mês de idade do canavial. Um maior período para crescimento resultará em melhor maturação e maiores taxas de produção.

O conceito hoje conhecido por Terceiro Eixo surgiu a partir de uma matriz - desenvolvida pelo Instituto Agronômico (IAC) há mais de 20 anos - composta por dois fatores: ambiente de produção (favorável, médio e desfavorável) e época de colheita (outono, inverno e primavera). “Tínhamos em mãos uma matriz de dois fatores com três níveis, totalizando nove células. Nomeamos de Matriz Bidimensional”, explica o diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Landell.

Em 2006, uma série de estudos realizados visando entender a fundo o sistema radicular da cana culminou na adição de um terceiro fator à matriz: ciclo da planta. De acordo com Landell, foi notado que, a cada corte, o sistema radicular da cana se avoluma e se aprofunda no perfil do solo. Exemplificando: uma cana de quinto corte estará mais protegida contra a seca do que uma cana planta, pois será capaz de entrar em contato com a água que está localizada numa profundidade impossível de ser alcançada pela raiz de uma cana mais nova.

“Com a adição do terceiro fator, a outrora Matriz Bidimensional passou a ser Tridimensional, que nada mais é do que um sistema de colheita que busca mitigar e reduzir a exposição dos canaviais a déficit hídrico, em especial daqueles com maior potencial de produção - cana planta e socas de segundo e terceiro corte”, conta Landell. Estimativas apontam que, a cada 100 mm de redução de déficit hídrico no ciclo da cultura, é possível aumentar a produtividade de 7 a 10 TCH.

Hoje, o sistema de terceiro eixo já faz a diferença em muitos canaviais, como os do produtor Daine Frangiosi, com 4400 hectares na região de Campo Florido, em Minas Gerais. Frangiosi confessa que, no início, achou a ideia um tanto estranha, pois ela abandona o conceito tradicionais de canas precoces, médias e tardias. Com a Matriz do Terceiro Eixo, uma cana tardia pode acabar sendo colhida no começo da safra. “A dúvida acabou a partir do momento em que coloquei o sistema em prática e comecei a enxergar os benefícios.”

Logo no primeiro ano, a produtividade do produtor saltou de 70 toneladas de cana por hectare (TCH) para 86 TCH. A partir dali, só acima dos três dígitos. Em 2017, por exemplo, o balanço final apresentou uma produtividade média de 116 TCH. “A Matriz do Terceiro Eixo é, sem dúvida, um dos meus segredos para obtenção de altas produtividades.”

De acordo com o consultor associado da Canaplan, Nilceu Piffer Cardozo, o Terceiro Eixo é uma prática que vem ganhando corpo no setor canavieiro nacional. Porém, ele alerta aos interessados: não basta inverter toda a colheita de uma hora para outra. É necessário muito planejamento antes de colocar o sistema em prática. “A transição do atual método de colheita para o Terceiro Eixo deve ser feita aos poucos. No início, pode ocorrer de a frente de colheita ter que voltar para uma área já colhida. Ou ter que sacrificar um canavial, colhendo-o mais novo do que deveria.” Os benefícios, segundo ele, virão a longo prazo.

Fazer um correto manejo das variedades também é essencial para o pleno funcionamento da Matriz do Terceiro Eixo. Cardozo explica que, a princípio, todos os programas de melhoramento genético foram feitos imaginando que haveria variedades mais adequadas para serem colhidas no começo, meio e fim de safra. Com esse novo conceito, isso deixa de existir. “Mas é claro que existem limites. Você pode acabar, por exemplo, colhendo um material precoce mais tarde do que o recomendado, o que pode ser um problema em ano de florescimento. Existe solução para isso, como o uso de inibidores, mas é mais um ponto para a usina ficar atenta.”

Fonte: CanaOnline

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