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BNDES APROVA CRÉDITO DE R$ 3 BILHÕES PARA PRODUTORES DE ETANOL | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

BNDES APROVA CRÉDITO DE R$ 3 BILHÕES PARA PRODUTORES DE ETANOL

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou nesta quinta (4) a linha de financiamento garantida por estoques de etanol para usinas sucroalcooleiras, no valor de R$ 3 bilhões, que deverá estar disponível ainda este mês. Inicialmente, o setor pediu R$ 9 bilhões, em um cenário que previa a estocagem de um quarto da produção prevista para a safra 2020/2021.

As informações foram publicadas pelo Valor Econômico e confirmadas pelo BNDES.

A linha será implementada pelo BNDES por meio de um consórcio de bancos privados liderado pelo Banco do Brasil. O BNDES disponibilizará até R$ 1,5 bilhão e as demais instituições financeiras, a outra metade. O bancos também poderão oferecer crédito por conta própria, além dos R$ 3 bilhões estipulados inicialmente.

A empresa interessada na linha de crédito deverá ter faturamento mínimo de R$ 300 milhões ao ano. O valor máximo individual do financiamento será de R$ 200 milhões e o mínimo de R$ 10 milhões. A operação terá prazo de 24 meses, com até 6 meses de carência, e a garantia será o estoque de etanol que cada usina possui.

Segundo o jornal, o custo da operação será de TLP+1,5%, mais um spread de risco — que dependerá da classificação de crédito de cada empresa. O Valor afirma ainda que há condições mais favoráveis, com redução para TLP+1,1% para usinas que mantiverem ao menos 90% de seu quadro de funcionários por 12 meses ou, em caso de demissões, realize acordos coletivos com sindicato de trabalhadores.

O BNDES, em nota, confirmou que haverá incentivo à preservação dos empregos, com custos mais baixos para empresas que mantiverem ou aumentarem os postos de trabalho nos próximos 12 meses, mas não detalhou as taxas da operação.

“O setor é responsável por 1 milhão de empregos no interior do país e pela geração de US$ 10 bilhões em exportações por ano. Uma pesquisa realizada pelo IBRE/FGV em março aponta o mercado de petróleo e biocombustíveis como o mais afetado pela crise. Os biocombustíveis sofreram com a diminuição de consumo superior a 30% e também com a queda no preço internacional do petróleo – o que tornou o etanol menos competitivo. Além disso, as empresas sucroalcooleiras enfrentam um momento de caixa baixo por conta do início do período da safra, que vai de abril a dezembro”, afirma o BNDES.

Risco é crédito não chegar na ponta
Além da demora para formação da linha de crédito, há um preocupação no setor com a capilaridade que a medida terá, para atingir o objetivo de evitar que usinas mais expostas à crise quebrem pela combinação de queda nos preços e na demanda por combustíveis.

“Fica clara a letargia, demoramos para tomar medidas e criar mecanismos para atenuar os efeitos do coronavírus. Abril foi o ápice da quarentena, com o menor nível de preço, e somente um mês depois a linha foi liberada”, critica Haroldo Torres, economista do Pecege.

As taxas oferecidas pelo, variando de TLP+1,1% a TLP+1,5%, representam crédito ao custo de 5,31% mais o spread de risco, o que é positivo. A preocupação é com o acesso, já que algumas usinas já estavam enfrentando dificuldades para contratar empréstimos, tanto pelo modelo de warrantagem quando para custeio, dado o nível de risco do setor, explica o economista.

“Acredito que podemos enfrentar uma seleção adversa, onde quem terá acesso a esse crédito serão os melhores players, que atendem às obrigações contratuais. Eventualmente, os que mais precisam não vão ter acesso a essa linha, dada a situação em que se encontram e o risco que têm. O próprio spread de risco pode inviabilizar a operação para algumas usinas”, afirma.

Mês passado, Haroldo Torres realizou um estudo sobre a capacidade de estocagem de etanol brasileiro, concluindo que há uma disparidade entre os produtores quanto a capacidade de armazenar o combustível, em caso de restrição de demanda, e, portanto, para garantir os empréstimos.

“Essa seleção adversa vai existir de duas formas: a primeira afetando as usinas que já estão em dificuldades financeiras e que não têm bons indicadores de crédito, não sendo capazes de atender os indicadores exigidos para obtenção desse crédito, e a segunda beneficiando quem tem maior capacidade de tancagem”, conclui.

Estimativas da Unica, em abril, era para uma necessidade de estocagem de 6 bilhões de litros de etanol na safra 2020/2021. Se a previsão se cumprir, os R$ 3 bilhões de crédito representariam 50 centavos de capital de giro por litro de etanol, “o que ajuda a suavizar o problema mas é ainda é um valor baixo”, conclui o economista.


Fonte: Agência EPBR

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