Em cana-de-açúcar, por exemplo, a cada 1% de redução do índice de infestação da broca, o produtor tem cerca de R$ 100/ha a mais no bolso
O mercado de produtos biológicos na agricultura teve um salto no último ano. De acordo com pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio) realizada entre 2017 e 2018, o avanço da produção foi de quase 80% e 39% dos produtores rurais no Brasil já utilizam este tipo de manejo em alguma área de plantio.
O controle biológico é essencial no Manejo Integrado de Pragas (MIP). Consiste em controlar as pragas agrícolas e os insetos transmissores de doenças a partir do uso de seus inimigos naturais, que podem ser outros insetos benéficos, predadores, parasitóides, e microrganismos, como fungos, vírus e bactérias. Aliada a isso outra tecnologia que avançou muito na agricultura: os drones para pulverização. Duas técnicas que vem revolucionando a agricultura e que, juntos, têm feito a diferença no controle.
Um exemplo disso é a aplicação de macrobiológicos. O objetivo é proporcionar aos produtores rurais um controle biológico mais eficiente, considerando a qualidade da aplicação, a redução de custos, a melhora na produtividade e o menor tempo de operação. O uso do drone permite dosagem precisa e distribuição uniforme do agente biológico na área a ser controlada.
Em termos econômicos há menor gasto já que a aplicação só ocorre nos talhões desejados. Em cana-de-açúcar, por exemplo, a cada 1% de redução do índice de infestação da broca, o produtor tem cerca de R$ 100/ha a mais no bolso. A tecnologia também pode ser usada para aplicação em lavouras de grãos.
Um exemplo prático desta última safra foi um comparativo feito em áreas no município de Alto Alegre (RS), que utilizavam o controle convencional e outras onde foram aplicadas o Trichogramma pretiosum para o controle de lagartas em lavouras de milho. “Diferente do manejo convencional que utilizou cinco aplicações de inseticidas para o controle de lagartas, o biológico realizou apenas uma dispersão de vespas para todo o ciclo da cultura do milho, gerando uma redução de cerca de R$ 250 por hectare.Se for somado a economia de cerca de R$ 400 por hectare na escolha da semente, é possível ter uma redução no custo total de, aproximadamente, R$ 650 por hectare com o uso dessa tecnologia, sem reduzir a produtividade da lavoura”, explica Cristiano Gotuzzo, diretor executivo da Geoplan Soluções em Agronegócio.
O Portal Agrolink conversou com Rodrigo Rodrigues, gerente de vendas Centro-Sul da Koppert, empresa do setor de biológicos, para mais detalhes sobre uso e resultados da associação das duas tecnologias:
Portal Agrolink: que resultados vem se percebendo dos biológicos com uso de drones?
Rodrigo: a aplicação por drones proporciona aos produtores rurais um controle biológico mais eficiente, considerando a qualidade da aplicação, a redução de custos, a melhora na produtividade e o menor tempo de operação. Permite a liberação em grandes áreas de culturas como soja, milho e algodão, com rendimento de 200 a 350 ha/dia, além de não utilizar a infraestrutura de equipamentos do produtor. Os pulverizadores, tratores e outros implementos podem ser utilizados nas operações normais da fazenda, enquanto o drone faz a liberação dos macrobiológicos. Toda a operação com drone custa menos que uma única aplicação convencional, usando tratores, motos ou liberação manual.
Portal Agrolink: a aplicação é mais precisa e portanto econômica?
Rodrigo: esse é um dos fatores. A tecnologia do drone inclui um mecanismo dosador preciso, capaz de distribuir de forma exata o agente biológico na área a ser controlada; os drones são capazes de cobrir grandes áreas, e é possível efetivar o controle em momentos de pico.
Portal Agrolink: como o produtor avalia se a área que ele tem, tipo de cultura, está adequada a esse tipo de aplicação?
Rodrigo: a avaliação tem que ser feita considerando a praga que precisa ser controlada e se existe um produto biológico registrado para ela. Em caso positivo, a liberação via drone pode ser feita para qualquer cultura ou área.
Portal Agrolink: ele pode aplicar qualquer biológico com drones?
Rodrigo: por enquanto, somente os macrobiológicos são liberados por drones.
Fonte: Agrolink
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