Quantificar os benefícios de diferentes quantidades de palhada deixada na superfície do solo de regiões com climas e condições distintas no Brasil. Esse é o objetivo do Simulador Agronômico Modular de Cana-de-açúcar (Samuca), programa desenvolvido pelos pesquisadores do Grupo de Experimentação e Pesquisa em Modelagem Agrícola (Gepema), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
“Com a proibição das queimadas na fase de pré-colheita juntamente ao forte processo de mecanização dos canaviais da última década, foi necessária novas medidas para se manejar uma considerável quantidade de palha na nova fase de colheita”, aponta o engenheiro ambiental Murilo Vianna, autor da tese que apresenta o Samuca.
Segundo Vianna, após a colheita, aproximadamente 12 toneladas de palhada ficam na superfície do solo. “Apesar de ser considerada boa prática de conservação do solo, quando em excesso, pode ser prejudicial ao desenvolvimento e manejo da cultura”.
Produtividade – O Samuca une as relações biofísicas e fisiológicas que descrevem o crescimento e desenvolvimento da cana-de-açúcar em resposta a diferentes quantidades de palhada na superfície do solo. “As simulações de longo prazo (30 anos) mostraram que a manutenção de pelo menos 12 toneladas de palhada promove a manutenção da umidade do solo na fase inicial do crescimento da cultura, podendo aumentar em 14 toneladas a produtividade de colmos em condições de escassez hídrica”, indica Vianna, que atualmente é pesquisador da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
Em termos hídricos, canaviais com 12 toneladas de palhada apresentaram em média um consumo de 89 litros/m2 inferior (-8%) em comparação ao cultivo com solo exposto. “Esses resultados demonstram o potencial da palhada como alternativa para redução da demanda por irrigação na fase inicial do crescimento da cultura, promovendo um cultivo mais sustentável, além de proteger os canaviais em eventos de estiagens”.
DSSAT – A nova versão do Samuca também foi incluída em uma das maiores plataformas de simulação de sistemas agrícolas do mundo (DSSAT) e poderá ser baixada gratuitamente em sua próxima atualização pelo link.
“Integramos na maior plataforma de modelagem do mundo, a DSSAT. Com isso posicionamos o Brasil em um grupo seleto de países com expertise para construção integral de modelos agrícolas. Atualmente poucos e desenvolvidos (EUA, Austrália, Holanda, Reino Unido) figuram neste rol. No Brasil, a Esalq lidera nesta área do conhecimento”, aponta o professor Fabio Marin, coordenador do Gepema.
O estudo na íntegra liderado por Murilo Vianna pode ser encontrado no link.
Por Caio Albuquerque
Fonte: Cepea/Esalq - USP
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