Os canavieiros estão apelando para o governo olhar com urgência a situação de 60 mil produtores que estão imobilizados pela quarentena e que vão sentir a redução do preço da matéria-prima. A expectativa da Feplana é de uma redução de mais de 16% no valor da cana – ou até mais se ampliando a queda do petróleo e do açúcar.
Por Giovanni Lorenzon
A federação nacional dos plantadores pede prorrogação do prazo de pagamento das dívidas, garantia de que os resultados dos CBios (Crédito de Desbiocarbonização) do RenovaBio também cheguem dentro da porteira e o estabelecimento da venda direta de etanol.
Alexandre Lima, presidente da Feplana, alinha todas essas “emergências para ajudar na manutenção de milhares de empregos”, ancorando o pleito na derrocada do petróleo em 59% e do açúcar em mais de 15% desde a explosão da crise global da covid-19.
O petróleo em baixa injeta fôlego da gasolina, que rouba do etanol, enquanto que o desvio da cana para mais açúcar derruba os valores da commodity na CME Group (ICE Futures) em Nova York. O rebote é no preço da matéria-prima em recuo na safra 20/21 que vai começar no Centro-Sul.
PLEITOS
O primeiro pedido é a prorrogação do prazo de pagamento das dívidas rurais, definidas neste ano para o final de 2020. “Mas com a paralisação das atividades econômicas em função da pandemia, será impossível o canavieiro se reerguer tão rapidamente. Por isso, pedimos a prorrogação para até o final de 2022. Essas dívidas dizem respeito a empréstimos realizados para custeio e investimento dos canaviais. Pleiteamos ainda a prorrogação das repactuações de dívidas agrícolas. E solicitamos que esse prazo maior não afete as aquisições de créditos rotineiros para o financiamento da safra”, explica Andrade Lima.
O fim da exclusividade da venda do etanol das usinas pelas distribuidoras também é muito importante para a Feplana. “A venda direta se torna ainda mais importante frente à queda dos valores da gasolina na bomba de combustível. O etanol pode ficar mais competitivo na bomba e melhorar a rentabilidade das unidades produtoras, e, com isso, aumentar o preço da cana dos fornecedores. A medida também diminuirá a circulação de caminhões das distribuidoras, colaborando na redução do preço do etanol e na questão socioambiental”, reforça o empresário.
Quanto aos CBios, até agora apenas de retorno para as usinas, os cálculos da entidade mostram que 36% da cana vem de fornecedores, de modo que eles deveriam ganhar também, “o que gera também mais previsibilidade e investimento no campo”.
Fonte: Money Times
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