Algumas usinas sucroalcooleiras do Centro-Sul retomaram a moagem de cana mais cedo do que no ano passado diante do clima favorável à colheita, mas 12 unidades adiaram a retomada das atividades para a primeira quinzena de abril, em meio às incertezas quanto aos impactos do coronavírus na atividade.
Na primeira quinzena de março, 26 usinas retomaram o processamento de cana e somaram-se às que já estavam operando. Assim, até o fim da quinzena, no dia 16, havia 32 usinas de cana em operação e 11 também processando milho, enquanto um ano atrás havia 25 usinas processando cana e outras 6 somente com milho, de acordo com dados da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica).
A tendência seria que esse numero continuasse superior aos de um ano atrás nas próximas quinzenas, não fosse a decisão de 12 usinas em adiar o início das operações. Assim, a Unica indica que, até o fim do mês, 68 usinas devem estar em atividade, enquanto na mesma época do ano passado já havia 80 usinas em operação.
Em nota, o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, disse que até o momento as empresas estão conseguindo operar normalmente, e que os problemas são isolados. "Observamos alguns problemas pontuais como o atraso na entrega de equipamentos enviados para a reforma, a dificuldade de colheita manual em alguns casos isolados e a preocupação com a obtenção de AET [Autorização Especial de Trânsito] para o transporte da cana-de-açúcar, por exemplo", disse.
O executivo ressaltou ainda que o setor deve ser mantido como essencial, sobretudo diante da autorização obtida para produção de álcool 70%, antisséptico. "Importante o entendimento das autoridades sobre a importância do setor sucroenergético na produção de alimento, energia e, agora, de álcool para a assepsia. As características da matéria-prima impedem a sua estocagem e a interrupção do processo produtivo também impactaria severamente os mais de 700 mil trabalhadores desta indústria e os 70 mil produtores agrícolas de cana-de-açúcar", afirmou.
Mix açucareiro
Até a primeira metade de março, como havia mais indústrias em atividade do que um ano antes, o volume de cana processado na primeira metade do mês foi 88% maior do que um ano antes e alcançou 2,99 milhões de toneladas.
E a moagem já começou fortemente açucareira --- diferentemente do que se observou durante o período de moagem da safra atual (2019/20). Do total do caldo da cana processada na quinzena, 13,97% foi direcionado para a produção de açúcar, que totalizou 41 mil toneladas --- um volume ainda marginal.
Por sua vez, a produção de etanol ficou em 244 milhões de litros, um crescimento de 71,8% ante um ano antes, dada a maior quantidade de matéria-prima processada.
Venda de etanol cai
As usinas do Centro-Sul venderam menos etanol na primeira quinzena de março tanto para o mercado externo como para o interno, mas tiveram um pequeno aumento na comercialização de etanol anidro (que é misturado à gasolina), ainda que ofuscado pela queda das vendas do etanol hidratado (que abastece diretamente os tanques), que está perdendo competitividade nas bombas nesta entressafra da temporada 2019/20.
Foram vendidos no total 1,103 bilhão de litros no período, uma redução de 9,7% ante o mesmo período do ano passado. Apenas ao mercado interno, as vendas recuaram 9,3%, para 1,074 bilhão de litros. Porém, essa queda foi concentrada nas vendas de etanol hidratado, que cederam 15,8%, para 690,9 milhões de litros. As vendas de etanol anidro, por sua vez, cresceram 5,4%, para 383,2 milhões de litros.
A dinâmica das vendas indica que os motoristas estão migrando sua demanda do etanol hidratado para a gasolina, já que o biocombustível perdeu competitividade nos principais polos de consumo durante as últimas semanas. Essa redução da vantagem econômica, porém, ocorreu mesmo a despeito da gasolina ainda não ter caído nas bombas.
"Até o momento não observamos retração no preço da gasolina praticado na bomba. As reduções de preço do etanol hidratado no produtor refletem, até o momento, o início da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul e expectativa de perda de competitividade do biocombustível nas próximas semanas", disse Padua, em nota.
Impacto do coronavírus
Segundo a Unica, dados preliminares de mercado indicam que houve crescimento superior a 3% no consumo de combustíveis do ciclo Otto no país em fevereiro. "Portanto, a retração esperada em decorrência das medidas para conter a disseminação da covid-19 só deve ser observada a partir de março", indicou a associação.
Fonte: Valor Econômico
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