É comum ver grandes máquinas nos canaviais brasileiros, seja no período de colheita, seja durante o plantio ou na renovação. Mas este cenário está mudando em algumas usinas na época de plantio. As usinas estão deixando de lado o plantio por máquinas, voltando no tempo e optando pelo manual. O motivo do regresso é a busca pela melhor qualidade de brotação das sementes ou mudas, que eleva a produtividade e a qualidade da plantação.
A Diana Bioenergia, em Catanduva (SP), é uma das usinas que está apostando no plantio manual. Em 2018 a empresa do interior paulista começou a conciliar o plantio mecanizado com o manual. No ano passado, 30% da área desenvolveu o plantio manual, já este ano subiu para 85%. E, no ano que vem 100% do plantio será manual nas terras próprias. Assim, em 2020, a estimativa é que os três mil hectares da usina usem apenas trabalhadores rurais na plantação.
Segundo Lucas Kellner, gerente agrícola da Diana Bioenergia, na última safra a usina colheu 1.228.000 toneladas de cana, mas o resultado do plantio manual será maior no próximo ano. “Em 2020 teremos uma melhor produção que será o reflexo do forte plantio manual que tivemos este ano”, pontua. Atualmente, a área de plantio da Diana Bioenergia é de 23 mil hectares – somando fornecedores, arrendamento e terras próprias.
A CRV Industrial, localizada em Rubiataba (GO), já tem 100% do plantio dos canaviais de forma manual. A usina conta com 3.500 hectares de plantação. Segundo o superintendente agrícola, Joaquim Malheiros, a empresa colocou na balança e, há quatro anos, só faz o plantio manual. “Resistimos ao mecanizado e optamos por contratar mais pessoas e ter um plantio de mais qualidade”, revela.
Vantagens
Tanto no interior paulista como no território goiano, as usinas optaram pelo plantio manual devido a confiabilidade na brotação e na redução no uso de sementes e mudas. Para se mensurar, na Diana Bioenergia são usadas dez toneladas de mudas por hectare no plantio manual já no mecanizado sobe para 14 toneladas.
“Com os trabalhadores no campo conseguimos uma cana com melhor brotação, com mais vigor e maior resistência à seca e a pragas. Além de ter mais plantas por hectare já que reduzimos a quantidade de falhas do plantio”, revela Malheiros.
Outra vantagem do retorno do plantio manual é a possibilidade de trabalhar em áreas com relevo mais acidentado. “No final, o custo do plantio mecanizado e manual se equiparam, mas devido a maior qualidade e produtividade optamos pelo segundo”, pontua o superintendente.
Kellner afirma que se observou um aumento de 8% de produtividade (TCH) e um acréscimo de 50% em relação à cana que era utilizada para muda. Esse 50% não era transformado em produto. “Com o plantio manual foi observado o ganho que tivemos com a redução de muda, redução de falhas e, consequentemente, aumento de produtividade e assim, a mudança se tornou viável”, relata.
Mas ele revela que o plantio mecanizado tem suas vantagens, mas que não superam o manual. De acordo com o profissional, um dos benefícios é em relação ao tempo que o sulco de plantio fica aberto em comparação ao feito artesanalmente. “No mecanizado o sulco é aberto, coloca-se a muda e é fechado simultaneamente, já no manual o sulco pode ficar aberto até 24 horas, com essa situação pode se perder umidade do solo”, expõe.
Mão de obra
Além de aumentar a quantidade de cana moída com uma qualidade melhor da germinação da cana e densidade populacional, outra grande vantagem é a geração de empregos.
Em Rubiataba, 400 pessoas da região trabalham no plantio direto entre os meses de janeiro e abril. Após esse período uma parte da mão de obra é aproveitada no corte manual – na unidade cerca de 10% não é mecanizado – ou na irrigação. “Assim, desenvolvemos um trabalho de cunho social e conseguimos manter os postos de trabalho durante o ano inteiro”, afirma Joaquim. No interior paulista 220 pessoas realizam o plantio.
Tradição
Outra vantagem do método antigo é a possibilidade de fazer Meiose (Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente). Ambas as usinas têm adotado essa prática a fim de acelerar a adoção de novas variedades mais produtivas e modernas, resultando no aumento de produtividade. “Este método contribui ainda mais para a redução do gasto de mudas e melhora da qualidade do nosso plantio”, explica Kellner.
Malheiros afirma que atualmente 30% das unidades sucroenergéticas da região Centro-Sul do país realizam este processo que é totalmente manual. Em resumo o método faz o plantio de uma linha de cana e, após um período entre oito a 12 meses, a linha é multiplicada.
Por Cejane Pupulin
Fonte: Canal Bioenergia
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