O Brasil já tem aprovadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), duas variedades genéticamente modificadas, ambas desenvolvidas pela Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) que são resistentes à broca, a Diatraea saccharalis. Segundo especialistas, as perdas causadas por essa praga podem chegar a R$ 5 bilhões por ano, devido a perdas de produtividade agrícola e industrial, qualidade do açúcar e custos com inseticidas.
Tanto a CTC9001BT como a CTC20BT são resistentes à broca, mas têm características distintas. A CTC20BT é principalmente plantada em ambientes favoráveis, com solos bons e com maior incidência de chuva, enquanto a CTC9001BT é indicada para ambientes com solos mais restritivos. Além disso, a CTC20BT é normalmente colhida no meio da safra, enquanto a colheita da CTC9001BT normalmente se realiza no início da safra.
As duas variedades de cana GM disponíveis no momento estão em fase de multiplicação em mais 100 usinas e fornecedores do Centro-Sul do Brasil. No futuro poderão produzir os mesmos produtos que as variedades de cana convencionais.
Mas, o CTC não para com as pesquisas e o desenvolvimento de novas variedades geneticamente modificadas. Atualmente o Centro está trabalhando na expansão de seu portfólio de variedades resistentes à broca, é uma segunda geração de variedades. “Ao mesmo tempo já começamos os trabalhos para criar variedades resistentes não apenas à broca, mas também tolerantes a herbicidas, como o glifosato e ao bicudo (Sphenophorus levis)”, explica Viler Janeiro, diretor de Assuntos Corporativos do CTC.
Em resumo, a primeira geração da cana geneticamente modificada foi adicionada a característica de resistência a broca nas variedades de cana convencionais. Essas já estão no mercado. Já a segunda geração, além da resistência a broca, a cana será também tolerante a herbicida. Serão entre oito a dez variedades. E na terceira geração, o CTC adicionou a característica de resistência ao Sphenophorus, isso é, o bicudo, gera um prejuízo de até 30 toneladas de cana por hectare e é segunda maior praga que atinge os canaviais.
O bicudo provoca R$ 4 bilhões de prejuízo por safra e, muitas usinas têm mais receio dele do que da broca. Essa praga causa danos sérios à lavoura e é de difícil controle e tem ritmo acelerado de dispersão pelos canaviais.
“Por enquanto, o que podemos dizer é que os estudos estão bem avançados”, pontua Janeiro. Ele complementa que as variedades de segunda geração devem ser submetidas para aprovação comercial da CTNBio nos próximos anos.
Mercado
Não apenas de aprovações em solo nacional as novas variedades necessitam. Atualmente o Brasil exporta açúcar para cerca de 150 países. Com isso, os órgãos internacionais precisam aceitar, por exemplo, o açúcar fabricado a partir da cana geneticamente modificada.
Em agosto de 2018, a FDA (Food and Drug Administration), agência americana de fiscalização e regulamentação de alimentos e remédios, findou que o açúcar produzido a partir da cana brasileira geneticamente modificada é seguro para o consumo, assim como o obtido a partir de variedades convencionais. A Health Canada também aprovou o uso do açúcar oriundo da cana transgênica desenvolvida pelo CTC.
O CTC não é o único desenvolvedor de cana-de-açúcar geneticamente modificada. A Embrapa Agroenergia também realiza estudos. Atualmente entidade desenvolve uma variedade tolerante ao déficit hídrico; outra de tolerância da cana ao alumínio; uma terceira com modificação da parede celular para etanol 2G e uma variedade de controle biológico da broca-da-cana. Mas para agilizar e fugir da burocracia, a entidade desenvolve pesquisas de edição gênica, no qual as novas variedades ganham características, mas não são consideradas transgênicas.
Por Cejane Pupulin
Fonte: Canal-Jornal da Bioenergia
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