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AGRONEGÓCIO DEVE FOCAR ÁFRICA E ÍNDIA, AFIRMA ESPECIALISTA | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

AGRONEGÓCIO DEVE FOCAR ÁFRICA E ÍNDIA, AFIRMA ESPECIALISTA

A guerra comercial entre Estados Unidos e China “vai longe” na visão do professor sênior de agronegócio global do Insper, Marcos Jank. “Temos, por isso, de tomar cuidado e manter equidistância prudente dos EUA e da China”, recomendou ele durante palestra no Summit Agronegócio Brasil 2019, realizado ontem em São Paulo, promovido pelo Estado, com patrocínio da Corteva.

Jank lembrou que, para o agronegócio brasileiro, negociar hoje com a União Europeia “não é mais grande coisa”. “A Europa deixou de ser um mercado relevante para o setor agropecuário do Brasil”, reforçou. Já os mercados asiáticos – China e Sudeste da Ásia, principalmente –, e do Oriente Médio têm extrema importância. “Estamos falando de 61% das exportações do agro brasileiro”, citou.

Na avaliação do especialista, é preciso atenção também à Índia e à África. “Só 10% do que o agro brasileiro exporta vai para lá, mas Índia e África têm 3 bilhões de habitantes, que serão 5 bilhões em 2050 e quase 7 bilhões em 2100”, disse.

Muito além dos gargalos logísticos ou da oscilação de preços de commodities agrícolas ou da guerra comercial EUA- China, um dos principais obstáculos enfrentados pelo agronegócio brasileiro atualmente é a dificuldade de se comunicar e de mostrar ao mundo que é sustentável. Essa dificuldade foi citada por todos os debatedores do painel “Além de Pop, Tech e Sustentável”.

Para a diretora comercial da consultoria Labhoro, Andrea Cordeiro, o setor tem, de fato, “dificuldade de comunicação”. “Temos um agro extremamente eficiente, focado em práticas de melhoria e tecnologia e ainda temos dificuldade de mostrar lá fora a sustentabilidade do nosso País”, disse. “O Brasil, internamente também precisa despertar a consciência do valor do agro e mostrar o quanto estamos comprometidos com a sustentabilidade.”

O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), Arnelo Nedel, concordou com a consultora da Labhoro, acrescentando que a agricultura brasileira “nunca soube fazer propaganda do que ela faz”.

Sustentabilidade

A disputa entre alimentos produzidos de forma tradicional e os alimentos orgânicos não contribui para o esclarecimento do consumidor final acerca da sustentabilidade dos alimentos. “A população quer ter um alimento seguro. Às vezes, ela é enganada pensando que um é mais seguro que outros. Não existe um contra o outro, desde que produzidos com sustentabilidade”, afirmou Eduardo Leduc, membro do Conselho da CropLife - organização formada por Bayer CropScience, FMC, Syngenta, Basf e Sumitomo Chemical.

Segundo o executivo da CropLife, os alimentos orgânicos têm menor produtividade que os convencionais, o que levaria à necessidade de maior área agrícola para alimentar a população mundial.

“O controle disso é muito precário. Estudos mostram claramente que o fato de ser orgânico não é mais sustentável e também oferece riscos se não for bem produzido”, acrescentou Leduc.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), Arnelo Nedel, aposta na tecnologia para ajudar o consumidor a fiscalizar a forma de produção dos alimentos e ter maior controle sobre a sustentabilidade. “Acredito que a tecnologia vai ajudar muito na rastreabilidade do produto, permitindo ao consumidor fazer o caminho inverso”, disse Nedel.

Fonte: Estadão Conteúdo

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