Soja faz dobradinha com a cana na rotação de cultura e também ocupa áreas de canaviais em usinas desativadas
O setor sucroenergético vive o momento do plantio de grãos nas áreas de renovação de canaviais, prática conhecida como rotação de cultura, uma opção que traz ganhos agronômicos - previne erosões e melhora a fertilidade do solo, deixando maior residual de nitrogênio para a cana, permite um controle melhor das pragas e plantas daninhas – e ganhos econômicos – dilui o investimento caro do plantio da cana e reforça o caixa com a comercialização do grão.
Tradicionalmente, o amendoim tem sido a principal cultura a ser rotacionada com a cana, a região de Ribeirão Preto, no interior paulista é a maior produtora de cana do Brasil e também de amendoim, cultivado 95% em rotação de cultura nas áreas de renovação de canavial.
No entanto, o plantio de soja tem avançado rápido no estado de São Paulo nos últimos dez anos graças a parcerias com a cana-de-açúcar na renovação das lavouras. Na safra 2008/09, o grão ocupava 531,3 mil hectares no estado, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Na safra 2018/19, a estimativa é passar pela primeira vez de 1 milhão de hectares, atingindo 1,026 milhão, quase o dobro. No Brasil, no mesmo período, a soja avançou de 21,74 milhões de hectares para 35,82 milhões, aumento de 64%.
Os motivos para a expansão da soja são vários. O pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Denizart Bolonhezi, enumera alguns deles: (1) No cultivo direto da soja é possível diminuir o tempo de espera até o novo plantio da cana. Com o amendoim, são necessários quase cinco meses do plantio à colheita. Já na soja, o tempo é de pouco mais de três meses; (2) Ampla possibilidade de venda do produto. O agricultor não fica atrelado a apenas um comprador; (3) Por ser uma commodity, quem regula seu preço é o mercado internacional, o que abre um leque de possibilidades de negociações para o produtor que pode, por exemplo, vender no mercado futuro; (4) Proximidade do porto, que reduz o frete e aumenta a remuneração.
A soja já ocupa 65% das áreas de rotação de cultura com cana, mas, segundo José Antonio de Souza Rossato Junior, presidente da Coplana (Cooperativa Agroindustrial) – com sede em Guariba, SP, a maior produtora de comercializadora de amendoim do Brasil – , a soja não rivaliza com o amendoim, pois seu cultivo em rotação de cultura tem aumentado em regiões já tradicionais em soja, como a de Orlândia, Guaíra, São Joaquim da Barra, em propriedades em que não praticavam a rotação de cultura, ou sobre canaviais de usinas que estão desativadas.
O pesquisador Bolonhezi salienta que não há necessidade de haver competição por área entre soja e amendoim, explica que há espaço para ambas as culturas, ressaltando que cada uma delas possui prós e contras que devem ser levados em conta pelo produtor. “O amendoim dá mais retorno, mesmo nos períodos em que a soja está com preços altos. Porém, ele é muito específico em relação ao maquinário utilizado. Em termos de benefício para o solo, as duas culturas são semelhantes. O amendoim, por ser uma planta vigorosa, acaba produzindo mais por hectare e, consequentemente, fixa uma quantidade maior de nitrogênio. Por outro lado, ele é bastante exigente, e exporta mais fósforo do que a soja.”
O pesquisador informa que o tipo de solo da propriedade também deve pesar na hora de escolher com qual cultura rotacionar a cana. “Em regiões de solos mais fracos, arenosos e suscetíveis a erosão, o produtor deve escolher uma cultivar de soja muito rústica ou não optar pela cultura, pois a tendência de frustação será grande. Neste caso, o amendoim seria a melhor opção. Já nas áreas de solos mais férteis e argilosos, como na região de Ribeirão Preto, a soja é mais interessante, pois provavelmente atingirá tetos produtivos mais altos.”
Fonte: CanaOnline
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