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GEADA AFETA CANAVIAIS NA REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO, MAS REFLEXOS SÓ DEVEM SER PERCEBIDOS EM DEZ DIAS | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

GEADA AFETA CANAVIAIS NA REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO, MAS REFLEXOS SÓ DEVEM SER PERCEBIDOS EM DEZ DIAS

Frio intenso pode danificar parte nova das plantas causando a morte ou reduzindo o acúmulo de sacarose, essencial à produção de açúcar. Produtores estão apreensivos.

A geada provocada pela queda da temperatura na região de Ribeirão Preto preocupa produtores de cana-de-açúcar. É que o gelo formado sobre as plantas incide diretamente na qualidade da matéria-prima e pode comprometer o acúmulo de sacarose, essencial para a produção de açúcar.

Entre a noite de sábado (6) e a madrugada de domingo (7), várias cidades registraram geada. Em Sertãozinho (SP), os termômetros chegaram a registrar 1,6°C. Apesar da preocupação, agricultores e especialistas só poderão estimar o impacto sobre a lavoura atingida em dez dias.

“É quando o estrago se estabelece definitivamente. Hoje, você tem um amarelamento, um branqueamento superficial, que dá para ver a olho nu. Esse amarelamento pode se reverter ou pode se intensificar dependendo do dano causado”, afirma o produtor Marcelo Ravagnani.

Segundo dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), até o fim da primeira quinzena de junho, as usinas da região Centro Sul moeram 42,37 milhões de toneladas. O resultado indica uma leve queda de 3,92%, em comparação com o mesmo período do ano passado.

A safra 2019/2020 teve início em abril, com previsão de moagem total de 632 milhões de toneladas da matéria-prima.

Ravagnani planta 360 hectares de cana-de-açúcar em Batatais (SP). Ele acredita que o frio intenso possa ter prejudicado a plantação. Se isso se confirmar, previsões feitas por representantes do setor serão impactadas. Um sinal ruim na lavoura do produtor é a presença do pendão na planta, causado pelo estresse do frio.

"Ela acionou o modo emergência. A maneira dela se perpetuar é ela se reproduzir. Então, ela solta o pendão, para de acumular sacarose, para de crescer e começa a se defender, visando a perpetuação. Isso ocasiona perda de peso e de matéria-prima para a usina.

De acordo com o engenheiro agrônomo Rodrigo Ortolan, o período seco contribuiu para a colheita, mas se a geada afetou a cana que está pronta para ser colhida, a planta entra em um rápido processo de deterioração.

O especialista explica que, em todas as culturas, a geada afeta a parte mais jovem da planta e pode causar a morte dela, dependendo da intensidade.

“Com a cana nova, ela vai matar a gema apical, que fica no começo das folhas [próximo ao chão]. Matando essa gema, a cana para de crescer e começa a necrosar. Ela vai morrer totalmente e vai renascer. Ela rebrota, mas o produtor perde todo o dinheiro investido até o momento”, diz Ortolan, ao se referir a gastos com insumos para a lavoura.

Segundo o engenheiro agrônomo, com a planta já adulta, a área mais nova do caule é considerada a mais frágil.

“É nesses tecidos mais novos que a geada vai agir, matando esses tecidos. A partir disso, a cana começa a se deteriorar e vai perdendo as boas qualidades. Vai perder açúcar, vai aumentar a fibra, pode haver entrada de bactérias e fungos que podem contaminar a usina.”

Ortolan afirma que ainda é cedo para estimar prejuízos, mas diz que, se houver muitas perdas, os reflexos poderão ser percebidos nos preços.

"As usinas vão ter que modificar o programa de colheitas delas para começar a colher essas canas rapidamente, para que não tenha perda por qualidade ou venha a contaminar as suas unidades. Todo mundo vai querer ter a sua cana colhida para amenizar os efeitos negativos da geada e não tem como colher de todo mundo."

Fonte: Portal G1

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