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PRODUÇÃO DE ETANOL DE MILHO PODE ATINGIR 15 BILHÕES DE LITROS | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

PRODUÇÃO DE ETANOL DE MILHO PODE ATINGIR 15 BILHÕES DE LITROS

Diante da expansão da produção de milho no Brasil nos últimos anos e das áreas em que a -safrinha- ainda pode se expandir, o país tem potencial para produzir 15 bilhões de litros de etanol a partir do milho, afirmou Antonio Purcino, chefe geral da Embrapa Milho e Sorgo, em debate ontem no Ethanol Summit, em São Paulo. Na safra 2018/19, a produção de etanol de milho foi de 790 mil litros.

O crescimento dessa indústria dependerá da oferta doméstica de milho, que já excede as necessidades dos setores de ração e alimentos e possibilita uma exportação de mais de 30 milhões de toneladas por ano, ressaltou Purcino.

A estimativa leva em consideração que o milho -safrinha-, com a produtividade atual, pode avançar ainda por 6,5 milhões de hectares, principalmente em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Essa expansão seria factível em um cenário de preços do milho de R$ 20 por saca. Se o preço se mantiver acima desse patamar, o cultivo da -safrinha- pode avançar por 10,7 milhões de hectares, projetou. Essas áreas estariam espalhadas por Mato Grosso, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rondônia e Distrito Federal.

Ele observou que tem ocorrido uma expansão -inesperada- do milho no sul do Piauí e no sul do Maranhão, mas afirmou que os preços na região ainda são elevados - o que pressionaria o custo de produção do biocombustível.

Segundo Purcino, esse potencial de aumento da oferta de etanol de milho pode ser incentivado pelo RenovaBio - política cujas metas vão entrar em vigor no ano que vem - e pelo avanço do biocombustível em outros países. Nessa frente, a expectativa maior é com a China, que também começará no ano que vem a misturar 10% de etanol na gasolina. A partir de 2020, a China deve demandar 18 bilhões de litros de etanolpor ano para atender ao mandato.

Mas apenas a existência de demanda por etanol e de oferta de milho no país não garantem decisões de investimento na indústria.

Ontem, o Grupo São Martinho anunciou que firmou um protocolo de intenção para investir R$ 350 milhões em uma usina de etanol anexa à sua unidade de cana em Quirinópolis (GO). A decisão para realizar o aporte pode vir após a empresa encontrar uma tecnologia viável e uma cadeia de fornecimento de milho na região que garanta uma produção competitiva, afirmou Fabio Venturelli, presidente da companhia, ao Valor. -Já somos os mais competitivos em cana, também temos que ser os mais competitivos em milho.-

O aporte se torna mais viável com o compromisso do governo de Goiás de incluir o empreendimento no incentivo fiscal PRODUZIR, que financia parte do ICMS das empresas. -É um ponto absolutamente relevante para uma decisão de investimento-, afirmou Venturelli.

Se o projeto for adiante, a São Martinho competirá por milho com a usina flex (à base de cana e de milho) da SJC Bioenergia, joint venture entre o Grupo USJ e a Cargill, também em Quirinópolis.

Atualmente, a companhia já paga um prêmio sobre o preço do milho para exportação. -Temos que pagar esse prêmio para reter a carga que passa pela região e vai para o porto-, disse Maria Carolina Ometto, presidente do Grupo USJ, ao Valor, após participar do debate ontem no Ethanol Summit.

Para Henrique Ubrig, presidente do conselho da FS Bioenergia - joint venture entre o Summit Agricultural Group e a Tapajós Participações -, o -preço de equilíbrio- do milho para a indústria de etanol está entre R$ 20 e R$ 25 a saca. Preços menores não devem mais prevalecer, avaliou. Por outro lado, uma alta mais expressiva, para R$ 30 a saca, pode provocar -uma resposta na oferta- no ano seguinte, defendeu.

Por Débora Souza

Fonte: O Petróleo

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