Na última semana, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) surpreendeu o mercado ao prever superávit na oferta mundial de açúcar em 2019/20 de 4,3 milhões de toneladas. O número destoa das previsões privadas divulgadas até então, a última delas da renomada consultoria FCStone: déficit de 5,7 milhões de toneladas.
Em seu relatório, o USDA aponta que a produção brasileira de açúcar no próximo ano-comercial (de outubro deste ano a setembro de 2020), somada à maior produtividade esperada na União Europeia, deve mais que compensar a queda prevista para Índia e Tailândia. A previsão do órgão americano é de uma safra de 32 milhões de toneladas no Brasil, aumento de 2,5 milhões em relação a 2018/19.
O volume é próximo das 31,8 milhões de toneladas apontadas pela Conab em sua primeira estimativa para a próxima temporada e que considera 0 ano-safra nacional, mas está 1 milhão de toneladas abaixo do crescimento estimado pela Datagro, que prevê uma produção de XX milhões de toneladas no país durante o próximo ano comercial.
“Essa safra vai ser mais uma vez uma safra com orientação alcooleira. A moagem e a produção de açúcar devem crescer ligeiramente, 1,5 milhão de toneladas, o que não é um volume significativo quando comparado ao recorde de produção de 2017/18”, observa Plínio Nastari, presidente da Datagro.
A consultoria estima uma destinação de 63,6% da produção brasileira de cana para a fabricação de etanol ante 64,8% em 2018/19. O percentual é bem superior aos 62% apontados pelo USDA, o que ajuda a entender a divergência entre as previsões – o futuro da produção e do consumo de etanol no Brasil.
Única consultoria a ter divulgado números próximos ao do USDA, a Safras & Mercado, que também considera o ano comercial, se inclui entre os menos otimistas com a produção de etanol este ano. A empresa prevê um mix de 62% a 63% para o etanol e um superávit na oferta mundial de 5 milhões de toneladas.
“A demanda por etanol continua forte, mas a oferta esta crescendo muito. Com isso, as distribuidoras estão com muito conforto pra comprar etanol e os preços não estão mais tão remuneradores como na safra passada”, observa Maurício Murucci, analista da Safras &Mercado.
De acordo com o indicador Cepea/Esalq, o valor do etanol hidratado, usado em substituição à gasolina, ficou em média R$ 1,65 o litro na semana encerrada no último dia 24, queda de 11,15% ante o observado na semana encerrada em 26 de abril e praticamente estável na comparação com igual momento do ano passado.
Diante desse cenário, a Safras & Mercado calcula que a venda do etanol esta remunerando 16% a mais que o açúcar nesta temporada, enquanto na safra passada a remuneração do biocombustível ficava entre 23 e 28% a mais que o adoçante, chegando a picos de 37%.
“Este é um cenário que estamos vendo de maio a junho que é muito diferente do que víamos em abril, quando começou a temporada no Brasil”, avalia o analista ao citar o represamento de preços da Petrobras como um dos fatores para a incerteza com a produção alcooleira.
“Em tese, a política é de preços livres, mas não é exatamente do que a gente vê e isso torna o cenário completamente imprevisível para as usinas”, ressalta Murucci. Segundo ele, o percentual da safra 2019/20 a ser destinada ao etanol pode chegar a 60%, caso os preços do biocombustível continuem em queda.
Fonte: Portal DBO
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