Enquanto a colheita de cana está suspensa para que as usinas realizem manutenções sazonais normais na entressafra, a produção de etanol a partir do processamento de milho está a todo vapor. Em janeiro, as indústrias que produzem o biocombustível acrescentaram à oferta nacional quase 100 milhões de litros, volume que superou a produção marginal de etanol de cana das poucas usinas de cana em operação.
Na segunda quinzena de janeiro, foram produzidos 50,8 milhões de litros de etanol de milho – igual ao produzido a partir da cana -, ou 60% da produção total do biocombustível na região Centro-Sul do país, conforme o último relatório da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica). Na primeira quinzena, o etanol de milho respondeu por 65% da produção, somando 45,82 milhões de litros. De acordo com a Unica, oito unidades de produção de etanol de milho estavam em operação na segunda metade de janeiro. Das unidades em operação atualmente, apenas uma produz etanol exclusivamente a partir do milho – as demais utilizam o grão enquanto não operam com a cana.
A oferta adicional de etanol das indústrias que usam o grão como matéria-prima ocorre em um momento em que a disponibilidade do biocombustível é recorde no Centro-Sul – assim como a demanda. A produção de etanol de milho, no entanto, está concentrada no Centro-Oeste, próxima da produção da matéria-prima.
As compras de milho dessas indústrias devem ser um dos direcionadores da demanda interna de milho nesta temporada 2018/19, conforme destacou a Conab no relatório de safra que divulgou na terça-feira. A estatal manteve sua estimativa para o consumo interno em 62,5 milhões de toneladas, 4,4% mais que na safra passada. Segundo a Conab, parte desse avanço será puxada pela demanda para a produção de etanol de milho.
Por Camila Souza Ramos
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