O mundo deverá registrar um “pequeno” superávit de 1 milhão a 1,5 milhão de toneladas de açúcar na safra global 2018/19, iniciada neste mês, e um déficit de até 6 milhões de toneladas no ciclo seguinte (2019/20), projetou nesta segunda-feira o diretor da trading RCMA do Brasil, Felipe Ferraz.
A projeção quanto a uma menor oferta nos meses à frente se segue a um recuo de produção de açúcar no Brasil e previsões menos otimistas para a Índia, países que figuram como os maiores produtores mundiais do adoçante. Outras regiões, contudo, também despertam atenção, acrescentou ele.
“Os principais fatores a observar são Índia, Brasil, Tailândia, Paquistão, China e Europa”, destacou Ferraz durante apresentação na 18ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo.
Para o centro-sul do Brasil, principal região produtora de cana do mundo, a RCMA prevê uma fabricação de 26,5 milhões de toneladas de açúcar na temporada vigente, iniciada em abril. Caso se confirme, o volume seria cerca de 10 milhões de toneladas abaixo do registrado no ano passado.
Usinas do país focaram na produção de etanol neste ano graças à melhor remuneração, uma vez que as referências internacionais do açúcar, apesar da recente recuperação, tocaram em setembro o menor patamar em uma década, abaixo da simbólica marca de 10 centavos de dólar por libra-peso.
Em relação à Índia, Ferraz disse que a produção de açúcar deve ser inferior a 32 milhões de toneladas. O cenário se assemelha ao traçado também nesta segunda-feira pela associação de usinas de açúcar da Índia (Isma, na sigla em inglês).
Por fim, Ferraz disse que na União Europeia a produção deve cair até 1,5 milhão de toneladas, após problemas climáticos, enquanto na Tailândia pode ficar abaixo de 14 milhões. Além disso, a redução de safra no Paquistão deve limitar os volumes de exportação, comentou.
Para o executivo, os preços do açúcar na Bolsa de Nova York devem variar de 12 a 15 centavos de dólar por libra-peso no primeiro semestre de 2019, com viés de alta na segunda metade do ano, já refletindo a perspectiva de déficit.
Por José Roberto Gomes
Fonte: Reuters
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