Projeto pode diminuir o valor do combustível no mercado; pesquisadores precisam de investimento para concluir os estudos.
Uma nova pesquisa da Unicamp tem potencial para produzir 20% a mais de etanol a partir do bagaço da cana-de-açúcar. O projeto é do Instituto de Biologia e os resultados foram alcançados modificando os genes da planta. De acordo com os pesquisadores, o projeto poderia diminuir o valor do etanol no mercado.
Para compreender melhor o processo, é preciso entender as diferenças entre etanol de 1ª e 2ª geração. O etanol de 1ª geração é produzido a partir do caldo da cana. Líquido rico em sacarose que é fermentado por leveduras para produzir o combustível. O etanol de 2ª geração, por sua vez, é feito a partir do bagaço da cana, depois que o etanol de 1ª geração é obtido.
Em escala industrial, a novidade representaria um aumento significativo na produção de etanol de 2ª geração feito com o bagaço da cana sem a necessidade de aumentar a área de plantio ou no uso de agrotóxicos e pesticidas. "O projeto visa melhorar a biomassa vegetal para aumentar a sacarificação e alavancar a produção de etanol de 2ª geração", explica Rafael Galliani, um dos pesquisadores do projeto. "Além disso, este aumento é proveniente de um material que comumente seria descartado ou queimado".
"Hoje já existem fábricas que produzem o etanol de segunda geração, mas com certas dificuldades", explica Galliani. "Com a pesquisa, o aumento de 20% pode gerar um ganho exorbitante para estas produções, o que consequentemente pode gerar em uma queda no preço".
GENES
Para alcançar esta melhora na produção, os pesquisadores identificaram cinco genes que modificam a parede celular da cana-de-açúcar. Por meio de uma técnica genética, os genes propostos foram silenciados parcialmente.
"Dentro da parede celular existem três componentes maiores, que são a celulose, a hemicelulose e a lignina", explica Galliani. Fazendo uma analogia a uma parede de tijolos e cimento, os pesquisadores explicam que, quanto mais complexa for a formação desta parede, "mais difícil será de quebrar estes tijolos para produzir o etanol".
Desta forma, os genes da parede foram alterados para torná-los mais suscetíveis à quebra durante a produção de etanol de 2ª geração, aquele que é feito a partir do bagaço da cana. "Alteramos o gene para diminuir a complexidade desta parede para ela ser quebrada mais facilmente durante a produção de 2ª geração, aumentando o processo de sacarificação", explica. Com essa modificação, a produção de etanol de 2ª geração pode ter uma melhora no rendimento de mais de 20% quando em comparação com a cana-de-açúcar sem a alteração genética.
INVESTIMENTO
A pesquisa é parte do doutorado de Galliani. Ele trabalha no projeto há dois anos e contou com a coordenação do pesquisador Pedro Araújo, além da colaboração de professores e doutores da Unicamp e do Prof. Dr. Paul Dupree, pesquisador bioquímico da Universidade de Cambridge.
O estudo já está em um estágio avançado e com resultados significativos, mas testes essenciais ainda são necessário para a conclusão e devem ser efetuados com o auxílio de Dupree, em Cambrige, no Reino Unido. "São necessários cerca de seis meses na Universidade de Cambridge para concluir os experimentos necessários para a publicação e divulgação da pesquisa", explica Pedro Araújo.
Apesar de ser bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Galliani explica que o órgão de fomento diminui consideravelmente o seu programa de intercâmbio. Sem este auxílio, Araújo e Galliani buscam investimentos externos para que o estudo possa ser concluído. Os pesquisadores calculam que seriam necessários cerca de R$ 60 mil para finalizar o projeto no exterior.
Fonte: Jornal A CidadeOn - Ribeirão Preto
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