Colheita recorde em culturas como soja e milho levou a preços mais baixos; valor é 0,6% menor que o registrado em 2016.
A safra recorde em diversas culturas por conta do clima favorável, sobretudo nas de soja e milho, levou a produção do país a um valor total de R$ 319,6 bilhões em 2017, divulgou nesta quinta-feira (13) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A cifra, no entanto, é R$ 1,9 bilhão (ou 0,6%) menor do que a registrada em 2016 e interrompe um ciclo de sete anos de alta. A produção elevada tem relação direta com a queda no valor arrecadado: com oferta maior, os produtos ficam mais baratos no mercado.
"Para entender 2017, temos que voltar e explicar 2016. Naquele ano, houve uma quebra de safra não só no Brasil, mas no mundo todo, o que tende a aumentar os preços", diz Larissa Isaac Souza, tecnologista do IBGE e supervisora da pesquisa.
"Em 2017, o clima foi perfeito para o produtor, o que quer dizer produção grande e preços mais baixos, por isso a diferença", emenda.
As culturas que puxaram o valor total da produção para baixo foram, principalmente, as de milho (com queda de 12,7%), café (-13,3%), feijão (-28,8%), batata inglesa (-50,9%) e trigo (-41,9%). Soja e cana-de-açúcar apresentaram aumento no valor, de 6,8% e 5,1%, respectivamente.
A supersafra foi um dos motores para o crescimento de 1% da economia brasileira em 2017, após dois anos de retração. Sozinho, o agronegócio (incluindo as atividades de pecuária) respondeu por cerca de 0,7% desse avanço, segundo cálculos da economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro/Ibre, da FGV.
A consequente queda nos preços produtos agrícolas, por conta do grande volume de produção, também ajudou a manter a inflação controlada durante o ano passado.
Área colhida e produção
A área colhida no país totalizou 78,2 milhões de hectares em 2017, alta de 3,6% frente a 2016.
A produção total não é divulgada pelo IBGE porque muitas culturas (como abacaxi e coco) não são medidas em toneladas, mas em outras unidades. Porém, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas somou 238,4 milhões de toneladas, aumento de 28,2% em um ano – os principais produtos dessa categoria responderam por 54,6% da produção nacional e 77,4% de toda a área colhida.
Só a produção de soja chegou a 114,5 milhões de toneladas em 2017, um crescimento de 18,9% na comparação com o ano anterior. Já a de milho somou 97,7 milhões, avanço de 52,3%.
"As produções de soja e milho realmente foram muito favoráveis. Na de milho, o superávit (aumento em relação a 2016) foi de 33,6 milhões de toneladas. Só esse valor já supera as exportações, de 22,2 milhões de toneladas em 2017, segundo a Secretaria de Comércio Exterior. Já na de soja, o superávit foi de 18,2 milhões de toneladas", diz Larissa.
Ela ressalta que, devido à produção no ano passado, o rendimento por área colhida de soja do Brasil se aproximou do registrado dos Estados Unidos, algo que não acontecia desde 2012.
Por aqui, o rendimento ficou em 3.377 quilos por hectare, enquanto os americanos conseguiram colher 3.299 quilos por hectare. Em 2016, os números eram de 2.937 quilos por hectare e 3.494 quilos por hectare, respectivamente.
Já a produção de café caiu 11,2% em 2017, para 2,6 milhões de toneladas. A de cana de açúcar recuou 1,3%, para 758,8 milhões de toneladas, e a de mandioca reduziu 10,5%, para 18,8 milhões de toneladas.
1/3 de soja
Em termos de valores, mais de um terço (35,1%) de toda a produção agrícola do Brasil em 2017 corresponde a soja, num total de R$ 112,1 bilhões. A cana-de-açúcar, matéria-prima para o etanol e o adoçante, é segundo produto mais relevante, com 17%, somando R$ 54,2 bilhões. O milho vem em terceiro lugar, com 10,3% (R$ 32,8 bilhões), seguido pelo café, com 5,8% (R$ 18,5 bilhões).
Juntas, as dez principais culturas do país (soja, cana-de-açúcar, milho, café, arroz, laranja, algodão herbáceo, banana e feijão) representam quase 85% de todo o valor gerado pela agricultura no ano passado.
Um dos destaques desta edição da pesquisa é o açaí. Incluído no levantamento apenas em 2015, o produto já é o 12º mais importante da produção agrícola brasileira, com um valor de R$ 4,3 bilhões em 2017, o equivalente a 1,7% do total.
Maiores economias agrícolas
A região Sudeste foi a que registrou o maior valor de produção em 2017, com R$ 91 bilhões. A cana-de-açúcar é a principal lavoura da região, seguida pelo café. O estado de São Paulo é o maior produtor da região, com R$ 53,1 bilhões.
Apesar de as principais culturas da região serem a cana e o café, um valor de produção tão alto só é possível por conta do cultivo de outros produtos que também têm alta produção ou alto valor agregado, como abacate, amendoim, banana, batata-inglesa, borracha, caqui, laranja, limão e tomate. Juntas, elas representam 75% do valor produzido no Sudeste, segundo o IBGE.
Já a região Norte foi a que registrou a menor produção, com R$ 22,6 bilhões. Lá, o destaque é o açaí, seguido pela soja, e o estado que mais produziu (em valores) foi o Pará, com R$ 12,8 bilhões.
Nas demais regiões a cultura mais relevante é a soja.
As cidades com maior valor de produção são Sorriso (MT), com R$ 3,3 bilhões, Sapezal (MT), com R$ 2,6 bilhões, e São Desidério (BA), com R$ 2,4 bilhões.
Por estados, o maior produtor é São Paulo, responsável por 16,6% de todo o valor de produção de 2017, seguido por Mato Grosso (13,6%) e Paraná (11,9%).
Cidades sem produção
De todos 5.570 municípios brasileiros, apenas 14 não registraram produção de nenhum dos 64 produtos pesquisados pelo IBGE nos últimos 24 anos.
Desses, 10 pertencem ao Estado de São Paulo (Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco, Ribeirão Pires, Santana de Parnaíba, Santo André e São Bernardo do Campo); dois são de Pernambuco (Recife e Fernando de Noronha); um do Espírito Santo (Vitória); e um da Paraíba (Cabedelo).
Por Luísa Melo
Fonte: G1
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