Cientistas da Embrapa Agroenergia se uniram a uma startup para desenvolver variedades de cana-de-açúcar transgênica para o controle biológico da broca-da-cana e facilitar o manejo da cultura com o herbicida glifosato. O projeto “Produção de variedades comerciais de cana-de-açúcar transgênica para aumento da biomassa e da produção de etanol 1G e 2G, a partir da transferência de genes que conferem resistência ao herbicida glifosato e a insetos-praga” é uma parceria entre a Embrapa Agroenergia, a startup Pangeia Biotech, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Essa parceria, que tem a duração de quatro anos, entre a empresa Pangeia Biotech e Embrapa Agroenergia visa a incorporar características de valor agronômico em variedades de importância comercial top de mercado. Depois desse período, os cientistas pretendem disponibilizar ao mercado um material com essa dupla transgenia.
“Para chegar com esse produto totalmente inédito no mercado, selecionamos genes com liberdade de uso”, conta Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa Agroenergia e líder do projeto. Além disso, os pesquisadores já iniciaram a transformação genética em laboratório com as variedades previamente selecionadas. Também estão previstos os testes em campo para validar a tecnologia. Após essa etapa, parcerias estratégicas com empresas interessadas poderão ser feitas, o que envolve negociações de desregulamentação do evento transgênico para posterior venda dessas variedades no mercado.
De acordo com o sócio fundador da Pangeia Biotech, Paulo Cezar De Lucca, as características de valor agronômico mencionadas são, na verdade, genes já comumente usados nas culturas da soja, milho e algodão no Brasil e que agora estão sendo adaptados para a cana.
Mercado
De Lucca lembra que 100% da cana é convencional, enquanto nas outras culturas cerca de 94% são variedades transgênicas. Diante desse panorama, foi observado um nicho de mercado muito interessante para se trabalhar com cana transgênica do começo ao fim. Ele reforça: “Somos uma startup e jamais conseguiríamos fazer isso sozinhos”.
Para realizar esse projeto, a empresa entra com um terço em parceria com o Sebrae, a Embrapii com um terço e a Embrapa Agroenergia com o restante. “Esse é o fundamento do projeto, que, além de disponibilizar recursos para investir nessa iniciativa, está fazendo um elo entre uma startup e a Embrapa, que é a maior empresa de pesquisa em agricultura tropical do mundo”, salienta De Lucca.
Chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville destaca que esse foi o primeiro projeto como unidade Embrapii. A expectativa da empresa é de que com esse modelo de financiamento de pesquisa ocorram novas parcerias em prol do setor sucroalcooleiro.
Impacto no campo - Para o agricultor, a iniciativa irá facilitar o manejo no campo, além de gerar um impacto econômico pela redução dos custos de produção e uma diminuição do uso do herbicida glifosato. Além disso, esse projeto visa utilizar dois genes de resistência combinados que podem ampliar a proteção da cana contra a broca, porque, para quebrar essa proteção, será mais difícil tendo dois genes com modos de ação diferentes para o controle dessa lagarta.
Atualmente, o controle da broca-da-cana é realizado por meio de inseticidas químicos e estima-se que as perdas causadas pela lagarta cheguem a R$ 4,88 bilhões por ano, se considerar a área total cultivada com cana no País. Hoje, há no mercado a variedade transgênica CTC20Bt, desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira – CTC, que apresenta resistência à broca-da-cana. No entanto, ainda não estão disponíveis no mercado variedades de cana-de-açúcar combinando dois modos de ação para proteção ampliada, contra a broca-da-cana e a resistência ao herbicida glifosato.
Com informações da Embrapa
Fonte: Diário do Comércio
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