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Resíduo da cana-de-açúcar vira adubo que promete melhorar produção cafeeira na Alta Mogiana | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

Resíduo da cana-de-açúcar vira adubo que promete melhorar produção cafeeira na Alta Mogiana

Pesquisadores de Franca (SP) iniciaram testes com um adubo feito com resíduos da cana-de-açúcar que promete ampliar em até 20% a produtividade e reduzir os impactos ambientais do cultivo de café.

Desenvolvido por uma empresa de inovação em biotecnologia de Uberlândia (MG), o fertilizante ficará por quatro anos em estudo em uma fazenda experimental da Fundação Prócafé, instituição privada que desenvolve pesquisas e difusão de conhecimento para a melhoria das técnicas cafeeiras há 40 anos.

O material a ser testado foi desenvolvido pela Geociclo, que está há cinco anos no mercado e já desenvolveu 250 formulações para diferentes culturas. O produto consiste de um adubo organomineral, ou seja, composto por um determinado tipo material orgânico combinado com nutrientes como potássio e nitrogênio.

A matéria-prima usada é a "torta de filtro", resíduo proveniente da extração do caldo da cana nas usinas, submetido a um processo químico de bioestabilização.

"É uma compostagem bioacelerada. A gente coloca uma blend de bactérias e fungos. É um processo proprietário nosso que faz grandes volumes em pouco tempo", afirma Ernani Judice, CEO da Geociclo.

O simples aproveitamento desse material, de acordo com Judice, contribui para a redução dos resíduos das usinas. Para cada tonelada de cana sobram, em média, 40 kg. Em torno de 1,8 tonelada desse material, em contrapartida, é capaz de produzir uma tonelada do fertilizante organomineral.

Quando pronto, o adubo, em formato de pequenos grãos, denominados "pellets", promete uma adubação menos agressiva e mais adequada ao solo brasileiro, segundo ele. Associado às plantas, o produto libera sais de maneira mais controlada do que o adubo convencional, já que o material orgânico funciona como uma proteção, explica.

"Essa matéria orgânica protege o mineral, cria uma barreira física, na hora que o fertilizante é colocado no solo faz uma liberação gradual desses nutrientes. Essa matéria orgânica vai sendo dissolvida pela umidade. A matéria orgânica fica no solo, melhorando as características e os nutrientes. Há muito menos perdas e a planta absorve mais nutrientes", diz.

Com isso, menos minerais são perdidos, o que evita danos ambientais como a salinização do solo e a liberação de gases para a atmosfera. Ao mesmo tempo, o produtor rural precisa ir menos vezes à lavoura para renovar as doses de fertilizante, o que resulta também em redução de custos com matéria-prima, maquinário e mão-de-obra.

A utilização de fertilizantes com base orgânica, segundo ele, a longo prazo também podem resultar em uma menor da dependência em relação a produtos importados.

De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), de janeiro a agosto deste ano a produção nacional de adubos caiu 4,9% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando 5,5 milhões de toneladas. A importação, por outro lado, aumentou 10,4% no mesmo período, com 16,6 milhões de toneladas.

A pesquisa

Os testes em Franca durarão quatro anos e serão voltados para o catuaí amarelo, variedade do café arábica predominante na Alta Mogiana Paulista, uma das regiões produtoras mais tradicionais do país.

Serão analisados 350 plantas em quatro ciclos, que vão estabelecer um comparativo com fertilizantes minerais em relação a aspectos como análise nutricional e parâmetros de desenvolvimento vegetativo e produtividade.

Na estimava mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de setembro, o Estado de São Paulo tem uma capacidade média de produção de 21,56 sacas por hectare, 28,06% menos no comparativo com o mesmo período do ano passado, de 29,97 sacas/hectare.

Embora seja 20% mais caro do que os convencionais, o adubo com base no resíduo da cana promete render até quatro sacas de café a mais por hectare, segundo a desenvolvedora.

Diante de resultados positivos, a expectativa é de que a técnica possa ser expandida para os produtores da Alta Mogiana, afirma Marcelo Jordão Filho, pesquisador da Fundação Pró-Café.

"Nesses testes nós aplicamos diferentes doses do adubo Geociclo, comparando com diferentes doses do adubo convencional. A partir daí nós avaliamos o diferencial da produtividade de cada tratamento testado", diz


Fonte: Portal G1 (08/10)

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