Com a retomada da rodada de negociações entre Mercosul e União Europeia (UE) na semana que vem, objetivando a maior abertura comercial entre os países, o setor sucroenergético brasileiro tem grandes expectativas que o etanol entre já na pauta e que o açúcar entre nas rodadas seguintes.
Desde o ano passado, quando o Brasil foi surpreendido com a exclusão do etanol da oferta europeia, o setor ficou em alerta porque essa situação tende a dificultar as negociações. Eduardo Leão, diretor-Executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), afirma que o biocombustível já deveria estar contemplado, pois o produto estava na oferta feita originalmente em 2004, com um volume da ordem de 1 milhão de toneladas. "Há informações de que a proposta que a UE vai trazer na bagagem para as negociações da próxima semana no Brasil será de uma cota de 600 mil toneladas, das quais 400 mil para fins industriais, o que consideramos muito aquém do aceitável", acrescenta o executivo.
Além de uma cota expressiva para o etanol carburante, tendo como base a proposta que já estava sobre a mesa, o setor também pleiteia a liberação total do produto para fins industriais. “Hoje, o etanol carburante tem uma tarifa de importação proibitiva, de 0,19 euros por litro, o que praticamente impede ao consumidor europeu ter acesso ao etanol de cana-de-açúcar brasileiro, considerado o mais sustentável do ponto de vista ambiental, permitindo maior contribuição para o cumprimento das metas de redução de gases de efeito estufa. Além disso, os europeus ainda poderiam se beneficiar com a redução dos preços do biocombustível com a entrada do produto brasileiro", completa Leão.
No caso do açúcar, também há uma forte expectativa sobre a proposta europeia. “Além de uma cota que reflita adequadamente a importância do açúcar, é fundamental que a tarifa intra-quota seja zerada”, diz o executivo. Atualmente, as cotas destinadas ao Brasil sofrem uma tarifa de 98 euros por tonelada do produto e, com a liberação das cotas de produção de açúcar para indústria europeia prevista para o próximo mês de outubro, a tendência é que as necessidades de importações europeias se reduzam substancialmente. “Nesse novo cenário, se essa tarifa intra-quota brasileira descabida permanecer, isto significará a completa saída do açúcar brasileiro naquele mercado. Seria um resultado desastroso para as negociações”, afirma o executivo.
Fonte: UNICA
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