Apesar de a produção nacional de etanol ser suficiente para abastecer o mercado interno, as importações do combustível limpo cresceram mais de 400% no primeiro trimestre deste ano. Dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que o Brasil comprou 721 mil metros cúbicos (m³) de etanol nos três primeiros meses de 2017.
Já no mesmo período do ano passado, foram 143 mil m³. É uma alta que pode até atrapalhar o desempenho do setor nacional, segundo o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado (Sindaçúcar-PE).
"Estamos sofrendo por dificuldade de não ter a quem vender. Como vamos sustentar as operações e os empregos se, por uma janela na legislação da ANP, as distribuidoras estão se abastecendo lá fora?", reclamou o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha, dizendo que o fim da taxação sobre a importação do etanoltem favorecido esse processo.
Ele explicou que antes era preciso pagar uma taxa de 17% para trazer o combustível limpo de fora do País. Essa cobrança, no entanto, foi extinta em 2013 em uma tentativa do Governo Federal de reforçar a ideia de mercado livre. "Agora, porém, a importação está acontecendo de forma demasiada. E isso causa uma desarrumação no balanço de pagamentos do Brasil. Por isso, o Governo Federal deve tomar uma atitude e retomar a cobrança", pediu Cunha, dizendo que não se deve ter medo de uma possível retaliação norte-americana.
"Os Estados Unidos protegem seu mercado. Nós também temos que cuidar do nosso", argumentou. A relação com os Estados Unidos explica-se porque a maior parte do etanol anidro importado pelo Brasil vem dos portos norte-americanos. E também foi este mercado que multiplicou as importações brasileiras em 2017. É que a safra de milho excedeu as expectativas e baixou o preço do combustível nos Estados Unidos neste ano.
Porém, segundo o Sindaçúcar, o etanol de milho norte-americano é de qualidade inferior, inclusive em termos de sustentabilidade, ao produzido com cana-de-açúcar no território nacional. "É até uma contradição ver a ANP dando anuência a tantas importações, já que o governo está para lançar o Renova Bio, cujo espírito é contribuir com o meio ambiente e promover o desenvolvimento regional", alfinetou Cunha.
O presidente do Sindaçúcar-PE ainda lembrou que a importação de etanol não se justifica em termos de demanda. Afinal, o Brasil deve produzir 26,6 bilhões de litros do combustível limpo na safra 2017/2018 e o consumo nacional gira em torno de 25,8 bilhões de litros.
Fonte: Folha de Pernambuco
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