O aumento da importação de etanol, proveniente dos Estados Unidos, está prejudicando o setor sucroenergético brasileiro. De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre janeiro e março de 2017, foram importados 721 mil metros cúbicos de etanol, um incremento de 403,6% frente a igual período do ano passado.
O setor produtivo defende que o biocombustível importado seja taxado em 17%. Além de entrar no mercado nacional sem a cobrança de impostos, o etanol dos Estados Unidos é subsidiado, fazendo com que o preço seja mais competitivo que os da produção nacional.
De acordo com o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), Mário Campos, as importações de etanol vêm crescendo desde o ano passado e prejudicando a retomada do setor.
“Solicitamos ao governo federal que o etanol importado seja taxado em 17%. A taxação será analisada, mas não sabemos quando uma decisão será tomada. O etanol norte-americano é produzido do milho e sabemos que a agricultura daquele país é subsidiada, enquanto a cana-de-açúcar no Brasil não tem nenhum tipo de subsídio. A taxação é importante para proteger o setor e a geração de empregos na cadeia produtiva da cana”, explicou Campos.
Campos ressalta que o Estado e o País têm grande capacidade de produção de etanol, mas as importações estão em crescimento, principalmente vindas dos Estados Unidos, que hoje são os grandes fornecedores de energia. Além dos desafios do mercado interno, o etanol importado, que é isento de impostos, tem chegado ao Brasil com preços mais competitivos, provocando uma série de problemas para o setor sucroenergético.
“A própria ANP coloca que não há regulamentação específica para a importação do etanol, ou seja, qualquer um pode importar. A preocupação do setor é que estamos em plena safra e o etanol continua entrando no mercado nacional e a consequência é a redução dos preços, o que piora a situação financeira do segmento”.
Na última semana, o preço médio do etanol nas usinas mineiras estava em torno de R$ 1,35 por litro, sendo que no ano passado o mesmo volume estava cotado a R$ 1,49, queda de 9%. O valor recebido pela comercialização está abaixo do custo de produção, que gira em torno de R$ 1,5.
Campos explica que, no primeiro momento, a situação pode ser favorável para o consumidor, que terá acesso ao combustível com preços menores, porém, no médio e longo prazos, com o comprometimento financeiro do setor sucroenergético, a situação pode se complicar.
“A tendência, caso as importações continuem em alta, é de desestruturação do setor produtivo nacional, levando a uma quebradeira ainda maior. Com isso, no futuro, pode haver falta do combustível, já que não existe garantia de importação.
Precisamos que o governo, imediatamente, institua uma tarifa de importação. Não somos contra a importação de etanol, mas, o que está ocorrendo é um surto. O governo brasileiro, para proteger a produção e o emprego nacional, precisa tomar uma atitude rápida”, disse.
Investimentos - O aumento das importações de etanol ocorre no período em que o setor sucroenergético, após quase uma década, voltou a investir nas usinas e na renovação dos canaviais.
Caso nenhuma medida seja tomada, a tendência é que o setor suspenda os investimentos. Outros fatores como a retomada da cobrança do Programa de Integração Social e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) - que acrescentou R$ 0,12 nos preços do litro do etanol - e a queda de preço da gasolina prejudicam o mercado do etanol.
“Perdemos a competitividade, ou seja, o cenário para o etanol é muito ruim. O setor estava iniciando uma recuperação e o que pode acontecer, caso o governo não faça nada, é que novas usinas comecem a ser fechadas, provocando demissões em massa.
O governo precisa defender a produção nacional, sem se preocupar com retaliação ou não dos EUA. O açúcar brasileiro, para ingressar no mercado norte-americano, tem cota de 180 mil toneladas, acima disso a tarifa é enorme. Os Estados Unidos têm um protecionismo grande com vários produtos brasileiros e não é o etanol que vai prejudicar a boa relação comercial”, disse Campos.
Na safra 2017/18, a produção de etanol em Minas Gerais será de 2,33 bilhões de litros, queda de 12% frente ao volume gerado na safra anterior.
Fonte: Diário do Comércio
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