O indicador do Cepea nesta quarta-feira (26) marca o maior patamar real desde 2011 para os preços do açúcar, que despontam acima dos R$100 por saca. Este é um preço considerado histórico e acompanha o mercado internacional de açúcar, que apresenta uma defasagem a nível mundial.
De acordo com João Paulo Botelho, analista da FC Stone, há uma perspectiva de déficit na safra global de 2016/17. A produção de açúcar deve ficar 9,7 milhões de toneladas abaixo da demanda, o que fará com que o produto saia dos estoques para ser consumido. Na última safra, também houve um déficit, de 9,3 milhões de toneladas.
O analista explica que este déficit tende a aumentar uma vez que a demanda de açúcar cresce de forma contínua, a medida em que países em desenvolvimento começam a crescer e a consumir mais alimentos industrializados. A oferta, por sua vez, "não cresceu de maneira adequada nos últimos anos, sem novos investimentos iniciativos na produção de açúcar".
A tendência, portanto, é que os preços continuem no ritmo de alta. A colheita da Índia e da Tailândia, que está prestes a começar, já apresenta uma perspectiva não tão boa, já que a Índia enfrentou um longo período de seca, com monções fracas, redução na área plantada e canaviais velhos e a Tailândia apresentou uma situação semelhante. No Centro-Sul do Brasil, com clima chuvoso, há perspectiva de redução na produtividade agrícola.
Por outro lado, os preços oferecem margens positivas para as usinas, "mas se não tiver muita cana, isso pode prejudicar a produtividade das usinas", como aponta o analista.
Nos postos, o etanol acompanha o preço do açúcar, o que pode compensar a diferença de remuneração. Atualmente, a venda do açúcar compensa 33,5% mais do que o etanol, considerando o preço nas usinas.
A safra global de 2016/17 deve ser de 609 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Para a próxima safra, a produção deve se manter em linha ou ficar até mesmo um pouco abaixo desses patamares.
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