O uso de tecnologias conservacionistas tem permitido que os solos leves – assim chamados por terem a areia como fração predominante em sua textura – passem a ser utilizados para produção de grãos, fibras, materiais energéticos, cana-de-açúcar, silvicultura e pastagens cultivadas.
As informações estão no artigo Caracterização, potencial agrícola e perspectivas de manejo de solos leves no Brasil , resultado de pesquisa desenvolvida por especialistas da Embrapa Solos, Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Gado de Corte e Embrapa Pesca e Aquicultura.
O trabalho consistiu em realizar análises detalhadas da composição dos solos leves de áreas agricultáveis, entre elas, de Guaraí, TO, e Luís Eduardo Magalhães, BA, – municípios localizados na região de Matopiba –, e também de áreas fora da nova fronteira agrícola, considerados relevantes para a balança comercial brasileira por sua importante produção de soja, cana-de-açúcar e pecuária, como Campo Verde, MT, Mineiros, GO, Chapada Gaúcha, MG, Botucatu e Pirassununga, SP, Alegrete, RS, e Correntina, BA, além da área irrigada de Petrolina, onde se destaca a produção de manga para exportação.
Potencial agrícola dos solos leves - Segundo Donagemma, que é um dos autores do artigo, os estudos permitiram ampliar o conhecimento sobre os diversos tipos de solos leves existentes no país. "As análises demonstraram que há uma variabilidade da presença do componente areia fina nesses solos, o que impacta diretamente em seu potencial agrícola, quando associado ao índice de precipitação pluviométrica nas regiões estudadas", destaca.Como exemplo, o cientista cita os estudos comparativos realizados entre três regiões.
Na Chapada Gaúcha, região com distribuição irregular de chuvas, onde a precipitação pluviométrica anual é de 900 a 1.000 milímetros, o cultivo de soja em solos leves rendeu aproximadamente 50 sacas por hectare.
Em Guaraí, onde a incidência anual de chuvas é maior, entre 1.200 a 1.400 milímetros/ano, registrou-se uma colheita de 70 sacas por hectare, e em Campo Verde, onde chove mais de 1.800 milímetros por ano, o resultado foi superior a 70 sacas de soja/ano.
"Portanto, os resultados estão associados, primeiramente, às boas práticas conservacionistas dos solos leves, mas também à composição desse solo e à quantidade de chuvas por ano", complementa o especialista.
Outra conclusão apontada pela pesquisa é que há diferentes solos de textura leve, que muitas vezes têm sido tratados, por alguns técnicos e produtores, como semelhantes, em razão, nesse caso, da avaliação do solo ser apenas superficial, na camada de até 20 a 30 cm. Para a correta análise da composição desses solos é necessária uma avaliação do perfil de 75 cm ou mais.
Manejo sustentável - O trabalho dos pesquisadores, detalhado em artigo da Revista PAB, também enfatiza como boas práticas de manejo sustentável a adoção do ILPF, no qual é recomendado o plantio de eucalipto nas áreas estudadas na Bahia, por exemplo; a teca, em Mato Grosso; e a seringueira, em São Paulo.
Em áreas de plantio de cana-de-açúcar, o estudo observou a adoção de sistemas conservacionistas como o plantio direto e a ausência da queima dos resíduos culturais como forma de se promover a melhoria das condições físico-hídricas do solo e assim melhorar o potencial genético da cultura, sua produtividade e longevidade.
Perspectivas - Estudos sobre a composição, bem como as práticas de manejo sustentáveis para aumento de produtividade da cultura e a longevidade dos solos leves deverão ser ampliados para outras áreas da região do Matopiba nos estados do Piauí e Maranhão, segundo expectativas dos especialistas.
Fonte: Embrapa Informação Tecnológica - retirado do Portal DBO
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