Das 35 usinas de açúcar e álcool de Minas Gerais, 22 vendem energia elétrica para o mercado livre e duas vão começar a comercialização a partir do ano que vem. Atualmente, entre energia para consumo próprio e venda, elas geram cerca de 20,4 mil Gigawatts/hora, o suficiente para abastecer 10,4 milhões de residências por um ano. Isso, só com o bagaço da cana-de-açúcar. Mas a possibilidade é ainda muito maior. Segundo o engenheiro químico Jaime Finguerut, se a palha da cana também fosse utilizada, as usinas conseguiriam triplicar o volume de energia comercializada. “O problema é que falta política para incentivar os investimentos”, destaca Finguerut, que faz parte da Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI).
Nessa quarta-feira (5), durante o 1º Seminário Mineiro de Bioeletricidade, promovido pela Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), o engenheiro explicou como o potencial de geração de energia da cana ainda é pouco explorado. “Hoje, pelo menos 50% da palha que fica após a colheita poderia ser aproveitada. Se colhêssemos somente 10% desse potencial, já daria para triplicar o volume de energia gerado. Isso geraria mais para o consumo próprio da usina, e ainda faria sobrar para a venda”, destaca.
O desafio, segundo o engenheiro, é o investimento. “Seria preciso investir em caldeiras e moendas mais eficientes para a queima da palha”, afirma. De acordo com o presidente da Siamig, Mário Campos, hoje a soma de geração solar, eólica e da biomassa responde por 11% da matriz energética, e a meta para 2030 é chegar a 23%. “Para isso, tem que desenvolver politicas de incentivo, parcerias e linhas de financiamento”, diz Campos.
Biomassa
O que é. É toda matéria orgânica que pode ser utilizada na produção de energia. No caso da cana de açúcar, a queima do bagaço e da palha gera energia para consumo da usina ou para venda.
Falta de linha de transmissão e de incentivo desanima usineiros
A falta de perspectiva faz os usineiros pensarem duas vezes antes de investir em geração de energia. O grupo Coruripe, que tem quatro usinas de açúcar e álcool no Triângulo Mineiro, foi o primeiro do Estado a comercializar energia no mercado livre, há 15 anos. De acordo com o presidente, Jucelino Sousa, metade do que é gerado é vendido. “Consumimos 200 MW e exportamos outros 200 MW para a rede. Teríamos condições de ampliar em mais 30% essa geração. Só que não fazemos isso porque não tem linha de transmissão, então não adianta investir”, destaca Sousa.
Segundo ele, o governo deveria incentivar mais as fontes de energia alternativas e atuar como idealizador de políticas públicas. “Temos potencial, existe demanda para essa energia, mas não existem regras claras”.
O empresário destaca ainda que é preciso apostar mais na biomassa. “A energia solar e a eólica são fontes limpas, mas a biomassa tem um impacto social maior, pois gera muito emprego”, comenta.
Fonte: O Tempo
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