O avanço da moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul na primeira metade de agosto voltou a mostrar que, mesmo com indicações de que a produtividade da cana nas lavouras é menor que na safra passada, as usinas têm ampliado a produção de açúcar. Conforme levantamento da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), a fabricação de açúcar da primeira quinzena deste mês ficou em 2,967 milhões de toneladas, um aumento de 2,9% na comparação anual.
Esse volume foi garantido em parte pela maior destinação do caldo da cana para a produção da commodity. A fatia alcançou 48,6%, ante 44,8% na mesma quinzena de 2015. Também houve recuperação do teor de açúcar na cana (ATR), que ficou em 142,84 quilos por tonelada de cana na última quinzena, favorecido pelo clima mais seco, com melhoras mais significativas em Goiás e Minhas Gerais.
De acordo com Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, a otimização industrial para a fabricação de açúcar compensou a menor quantidade de matéria-prima processada. Foram moídas 44,8 milhões de toneladas de cana na primeira metade do mês, 6% a menos do que no mesmo período da temporada passada.
Essa diminuição reflete, em parte, segundo ele, uma menor produtividade agrícola. Um levantamento preliminar do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) com 100 usinas do Centro-Sul indicou que a quantidade de cana colhida por hectare na primeira metade de agosto foi cerca de 10% menor que a do mesmo período do ano passado.
O dado "acende a luz amarela" no mercado, já que essa proporção de quebra ocorre ainda no pico da safra, observou Ricardo Nogueira, analista da FCStone. O que não significa que já exista motivos para alarme. Na avaliação de Lucas Brunetti, que assinou relatório do banco Pine, "mesmo que a produtividade continue a cair, dificilmente teremos uma disponibilidade abaixo dos 600 milhões de toneladas de cana" no Centro-Sul.
Além disso, também há uma perda de rendimento no processo de colheita e transporte da cana para as usinas por conta do avanço da mecanização, segundo Pádua, da Unica. Segundo ele, as máquinas acabam colhendo mais palha e outros materiais que não sãomoídos e desgastam as moendas. "Há uma perda de rendimento para levar cana para a indústria e há mais desgaste nos equipamentos, com mais paradas para manutenção", afirmou o diretor técnico da Unica.
Desde o início da safra, o volume de cana processado no Centro-Sul ainda supera com folga a quantidade moída no mesmo período da temporada passada, o que também tem contribuído para a maior produção de açúcar neste ciclo de 2016/17. A moagem de cana já avançou 10,1% na comparação anual, alcançando 355,347 milhões de toneladas, enquanto a produção de açúcar cresceu 21,9%, para 19,878 milhões de toneladas.
Fonte: Valor Econômico
16 3626-0029 / 98185-4639 / contato@assovale.com.br
Criação de sites GS3