Embora existam no Brasil muitos projetos voltados para a melhoria da eficiência energética do etanol em motores flex, principalmente na indústria automobilística, pode-se dizer que a participação de instituições acadêmicas nestas iniciativas é relativamente baixa. Uma das exceções, segundo o consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, é o Centro de Pesquisa em Engenharia Professor Urbano Ernesto Stumpf, resultado de uma parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o Grupo francês PSA no Brasil, dono das marcas Peugeot e Citroën.
Sediado na Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Centro reúne diversos pesquisadores dos institutos Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), e Mauá de Tecnologia (IMT), em São Caetano do Sul (SP). O grupo concentra os estudos em novas configurações de motores que reduzam as emissões de poluentes e tornem mais eficiente o processo de combustão do biocombustível de cana.
“No caso do aprimoramento da tecnologia flex, agregar o conhecimento da indústria automobilística à expertise universitária é altamente relevante. E a formação deste Centro é um exemplo positivo desta aproximação entre as iniciativas privada e pública”, observa Alfred.
O responsável pelo departamento de Inovação de Powertrain (termo usado para designar o conjunto responsável pela tração do veículo) e Biocombustíveis do Grupo PSA no Brasil, Franck Turkovics, cita o pioneirismo desta integração. “Somos o primeiro centro de pesquisa multi-institucional nesse formato. O trabalho com importantes instituições de ensino enriquece e valoriza ainda mais o nosso know-how e nos permite evoluir”, explicou em entrevista à Agência Fapesp de Notícias.
Segundo Franck, o objetivo final dos pesquisadores não é conceber um novo motor flex, mas otimizar os já existentes. “Percebemos que havia no País uma lacuna na pesquisa voltada à melhoria de motores a etanol. É bom lembrar que as máquinas que hoje rodam com esse combustível foram, originalmente, projetadas para usar gasolina”, complementou.
Criado em 2014 por meio de um convênio de cooperação coordenado pela FAPESP, o Centro de Pesquisa Urbano Ernesto Stumpf, cujo nome homenageia um dos criadores do motor movido exclusivamente a etanol no final da década de 1970 – época do Proálcool – receberá, até 2018, um investimento total de R$ 16 milhões.
Inovar-Auto
Para Alfred Szwarc, a consequência natural do trabalho desenvolvido pelo Centro de Pesquisa será a adequação gradativa da indústria automobilística brasileira ao programa de Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto), lançado em 2012 com a missão nacionalizar a produção de peças e tornar os automóveis brasileiros mais econômicos e seguros.
“Nos últimos quatro anos, esta iniciativa implantada pelo Governo Federal ofereceu uma nova perspectiva para a melhor eficácia uso do etanol, representando importante estímulo para a modernização da nossa indústria automotiva. Afinal, 68% dos carros leves em circulação no Brasil possuem tecnologia flex, grande parte deles movidos com o biocombustível de cana”, enfatiza.
O cumprimento de algumas metas do Inovar-Auto prevê descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Se a montadora produzir veículos que apresentem redução de 15,46% no consumo de combustível, o abatimento no IPI será de 1%. Com a diminuição de 18,84%, a redução no imposto será de 2%.
Fonte: UNICA
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