O presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha, avaliou nesta quarta-feira, 25, que a cadeia produtiva de açúcar e etanol ainda busca um grande interlocutor no governo de Michel Temer, papel que era desempenhado pela ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu na gestão da presidente afastada Dilma Rousseff. "Não temos isso ainda. Tínhamos uma boa 'porta de entrada' (com Kátia Abreu), mas avaliamos que também vamos ter (esta abertura) no novo governo", disse em entrevista exclusiva ao Broadcast Agro, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. "Desejamos ter uma interlocução privilegiada. A princípio, estamos muito esperançosos e otimistas."
No ano passado, com Kátia Abreu na Esplanada, o setor conseguiu a recomposição da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) na gasolina, em R$ 0,10 por litro, e também o aumento da mistura de etanol anidro ao combustível fóssil, em até 27,5%. Rocha confirmou que a primeira rodada de reuniões com os ministros de Temer começará já na semana que vem. Mais cedo, o Broadcast Agro revelou que estão na lista os titulares de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e de Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira.
Na avaliação do presidente do Fórum, o próprio chefe da Agricultura, Blairo Maggi, também pode desempenhar o mesmo papel de Kátia Abreu em termos de interlocução. O setor deve levar a Brasília demandas antigas, incluindo a liberação de mais recursos para renovação de canaviais e estocagem de etanol, além do aumento da Cide. "Queremos solicitar também a prorrogação do PIS/Cofins, que vence em dezembro", destacou, referindo-se ao crédito presumido que equivale a zerar a alíquota incidente sobre o etanol. A compensação tributária, que significou um corte de R$ 0,12 por litro de álcool, foi tomada em 2013.
Internacional
Rocha vê com bons olhos o rumo que o ministro José Serra está tomando à frente das Relações Exteriores. "No nosso setor, o açúcar é um produto que domina o mercado mundial. Esperamos apoio político com relação aos subsídios (ao alimento) na Tailândia", tema este já em discussão na Organização Mundial do Comércio (OMC), comentou. "O trabalho técnico é nosso, mas precisamos de apoio político forte, para que essa questão seja tratada como de governo, como de Estado, e não privada." Em fevereiro último, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizou o Ministério das Relações Exteriores a trabalhar em um contencioso junto ao Órgão de Solução de Controvérsias da OMC, questionando uma série de medidas baseadas em leis, regulações internas e outras medidas que provocam impacto no setor açucareiro tailandês, em desacordo com normas da própria entidade.
A Tailândia é o segundo maior exportador mundial de açúcar, atrás apenas do Brasil, e seus subsídios têm reflexos no mercado global do alimento. No geral, Rocha avaliou como positiva a mudança de governo, por trazer um "sopro de esperança" ao reaquecimento da economia. "Para nós é muito ruim a estagnação econômica, porque reduz consumo de combustíveis, energia e alimento. E o setor também vive uma crise muito grande de crédito", concluiu.
Fonte: Estadão Conteudo
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