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Caminhões a etanol adquiridos pela Clariant entram em operação

Três caminhões da Scania movidos a etanol, capazes de reduzir em até 92% a emissão de CO2 em comparação a veículos similares a diesel, entraram oficialmente em operação na tarde desta quinta-feira (12/05) na fábrica da Clariant, em Suzano (SP). Representando uma solução mais sustentável para empresas comprometidas em reduzir os impactos ambientais gerados pelo transporte de carga, os veículos, utilizados nas operações industriais da companhia, serão inicialmente abastecidos com 300 litros de biocombustível de segunda geração (2G) produzidos do bagaço e da palha da cana por meio de um novo processo biotecnológico. Chamado Sunliquid, a tecnologia integra diversas etapas de fabricação do combustível celulósico, incluindo o pré-tratamento da biomassa sem uso de produtos químicos e a produção de enzimas mais adaptadas à matéria-prima.
“Hoje, no Brasil, nós demonstramos a aplicação comercial do etanol 2G utilizando um dos veículos de mais baixa emissão de C02, os Ecotrucks da Scania”, comentou o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Clariant para as Américas, Martin Mitchell, durante visita da UNICA à fábrica da multinacional no interior paulista. Para o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Scania no Brasil, Celso Mendonça, a Clariant vem fazendo história na América Latina com esta operação. “Está levando ao interesse de outras empresas que já consultam a Scania sobre esta solução”, informou.
Segundo a Clariant, os três novos caminhões P 270 4×2 da Scania trabalharão ininterruptamente nos sete dias da semana. Com capacidade de transportar até 25 mil litros de produtos químicos, farão, por ano, 35 mil movimentações para entregar suas cargas à frota rodoviária responsável pela entrega direta aos clientes.
Na avaliação do consultor de Tecnologia e Emissões da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, é significativo o fato de a Clariant reconhecer o potencial do etanol na mitigação dos gases de efeito estufa (GEEs) e fechar esta parceria com a Scania na compra destes primeiros caminhões, até então inéditos na América Latina, mas desde 2011 já utilizados na Europa. “Sem dúvida, uma excelente oportunidade para o mercado nacional. Afinal, a maior frota de carros leves do mundo movida a etanol é a brasileira. Por que não repetir este sucesso no segmentos de veículos pesados?”, analisa.
Além possuir mais de 25 milhões de carros flex, o Brasil também se orgulha de ser o primeiro país do continente americano a promover o uso do derivado da cana em ônibus. Graças aos 402 coletivos abastecidos com até 30% de diesel de cana e aos 58 veículos movidos a etanol em circulação na maior metrópole da América Latina, a cidade de São Paulo é referência ao adotar dois combustíveis renováveis oriundos da cana no transporte público. Os paulistas seguem o modelo implantado há mais de uma década em Estocolmo, na Suécia, onde atualmente existem aproximadamente 600 veículos desse tipo em operação, todos produzidos pela Scania.
Os ônibus paulistas movidos a etanol, assim como os caminhões adquiridos pela Clariant, dispõem de uma tecnologia para que os motores a diesel funcionem com uma mistura de 95% de etanol e 5% de um aditivo especial. O biocombustível utilizado pelos três caminhões da Scania em Suzano tem em sua composição o aditivo Master Batch ED 95, produzido pela Clariant no Brasil. A produção local foi fundamental para a viabilidade do projeto, otimizando custos e logística. O aditivo permite que motores desenhados para consumir diesel utilizem etanol hidratado, ajustando as características do combustível às necessidades do motor para obter um bom funcionamento do veículo.
Sunliquid
Em março deste ano, a Clariant comprovou a eficácia da tecnologia Sunliquid após realizar testes em sua planta piloto localizada em Straubing, município alemão da Baviera, convertendo 40 contêineres de bagaço de cana do Brasil em etanol celulósico. Segundo a companhia, a experiência rendeu até 300 litros do biocombustível por tonelada de matéria-prima utilizada. Embora não tenha divulgado valores, a empresa afirma que o custo total por litro do etanol obtido foi competitivo em relação ao preço atual do combustível de primeira geração (1G) no Brasil.
Além da biomassa sucroenergética, a Clariant também realizou experimentos com outros resíduos agrícolas em sua fábrica alemã. Mirando também os mercados europeu e americano de biocombustível, fez experiências como palha de cereal e de milho. Em dezembro de 2015, a Sunliquid foi vencedora da 5ª edição do Prêmio Inovação para Clima e Meio Ambiente do Ministério Federal de Meio Ambiente, Preservação da Natureza, Construção e Segurança Nuclear da Alemanha. Na oportunidade, o governo daquele país, com apoio da Federação das Indústrias Alemãs (BDI), concedeu à Clariant o Prêmio de Inovação para Clima e Meio Ambiente (IKU). A marca suíça superou 14 concorrentes na mesma categoria.
Em 2015, a companhia anunciou a inauguração do seu novo centro de Pesquisa & Desenvolvimento em Planegg, cidade próxima a Munique, demonstrando o seu forte compromisso com o desenvolvimento de processos e produtos sustentáveis de origem biológica no segmento de biocombustíveis e químicos.


Fonte: UNICA