Humberto Carrara, gerente de processos agrícolas do Grupo USJ, é especialista no tema mecanização e salienta que, as colhedoras de cana que “conhecemos no Brasil e no mundo” têm um conceito da colhedora australiana do meio do século passado. “É um projeto de mais de 50 anos. Não tem muito mais o que melhorar, seria necessário formular um novo conceito de colhedora de cana.”
Segundo ele, é um equipamento com problemas crônicos de corte de base, além de problemas sérios com impurezas e danos de soqueira. “Enquanto o equipamento tiver o conceito de cortador de base debaixo do chassi da máquina, praticamente tudo o que for feito será uma perfumaria. Precisa de uma solução que reduza o impacto da faca girando em cima da cana.”
Na visão de Carrara, se analisar o desempenho da máquina que se tem hoje, de modo geral, é satisfatório. Inclusive, relata que o conceito atual de colhedora vem acumulando várias melhorias ao longo do tempo que são muito positivas. “A servicibilidade melhorou muito, a facilidade de troca de componentes, a automação do equipamento evoluiu muito, reduzindo a intervenção do operador, mas foram avanços que aconteceram dentro do equipamento que temos hoje.”
No entanto, o gerente do Grupo USJ frisa que se a discussão ficar somente focada na máquina perde-se a oportunidade de analisar o contexto geral. “Uma colhedora de cana hoje, que custa perto de R$ 1 milhão, trabalha em 60% das 24 horas, isso considerando as empresas que estão bem no benchmarking”, revela o gestor, que completa: “esse índice, na média entre as unidades, gira entre 40% e 50%. Ou seja, em um dia de 24 horas, quem está bem trabalha com a máquina por 16 horas.”
Carrara observa que o problema não está só na máquina. “Tem o peso da servicibilidade da manutenção, da baixa disponibilidade, da colheitabilidade da área. Por isso, não tem como fugir de algumas perguntas: como é a gestão de todo o sistema? Por que a máquina fica tanto tempo ‘fora do jogo’?”
De acordo com Carrara, ao se analisar essa realidade, o produtor e a usina ficam sem argumentos para chegar ao fabricante de colhedora e dizer que é preciso evoluir o corte de base, por exemplo. “Por que aí é perigoso ouvir: como vou colocar toda minha engenharia para pesquisar novas soluções, para depois a máquina só trabalhar 50% do tempo?”
Para o gerente de processos agrícolas do Grupo USJ, antes de o setor sucroenergético “sonhar” com um conceito de colhedora de cana revolucionário, tem que aprender a extrair muito mais da máquina que tem disponível atualmente. “Esse equipamento que temos ainda não chegou ao máximo que pode oferecer, a eficiência global ainda é muito baixa.”
Ele relata uma reunião que aconteceu recentemente envolvendo diferentes especialistas em motomecanização em cana-de-açúcar, com a presença de executivos e gestores de várias usinas. O objetivo foi fazer um brainstorm sobre o conceito ideal de colhedora e colheita mecanizada. “Fizemos uma mesa redonda para conversar sobre o que é preciso mudar.” Quem sabe seja o embrião da “colhedora dos sonhos”.
Fonte: Canaonline
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