Capazes de tornar mais eficiente o processo produtivo do etanol de segunda geração (2G), novas tecnologias enzimáticas estão na mira de multinacionais da indústria química e prometem conferir ainda mais sustentabilidade ao biocombustível celulósico a partir de resíduos agrícolas, casos da palha e bagaço de cana no Brasil. O consultor de Tecnologia e Emissões da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc explica a importância do desenvolvimento destas substâncias orgânicas (enzimas) em parceria com empresas e instituições brasileiras e como este trabalho é vital para manter o País na vanguarda tecnológica do produto.
“A expertise alcançada pelo Brasil na produção de cana e seus derivados representa uma excelente base de pesquisa para companhias do segmento químico que investem em etanol 2G”, avalia o especialista da UNICA. Szwarc acredita que o surgimento de novas enzimas, bem como outras tecnologias aplicadas na conversão de materiais celulósicos em açúcares, uma das principais etapas de fabricação do bioetanol 2.0, tornará a biomassa da cana (palha e bagaço), matéria-prima abundante no País, ainda mais vantajosa do ponto de vista comercial.
O argumento é endossado pelo chefe de desenvolvimento de negócios da Novozymes para etanol celulósico na América Latina, Daniel Cardinali, cuja empresa detém 48% de share do mercado global de enzimas para aplicação industrial. “O Brasil reúne condições extremamente favoráveis, talvez as melhores do mundo para o desenvolvimento deste segmento, pela quantidade de biomassa disponível, clima favorável, infraestrutura já existente e demanda por etanol, entre outros fatores”, afirma o executivo. Estima-se que o volume do biocombustível avançado obtido a partir da palha e do bagaço da cana, somado ao volume produzido pelo atual processo de fermentação do caldo – etanol de 1ª geração –, deverá incrementar em até 40% a produtividade por tonelada de cana, sem que haja necessidade de expandir área plantada.
Escala Comercial
Há dez anos investindo em enzimas para etanol celulósico, a dinamarquesa Novozymes, que destina 14% de sua receita global para pesquisa e desenvolvimento em bioinovação, fornece tecnologia enzimática para quatro plantas em escala comercial existentes no mundo, duas delas no Brasil, onde possui parcerias com duas das maiores empresas do setor sucroenergético mundial. Construídas em 2014 e 2015 nas cidades de São Miguel dos Campos (AL) e Piracicaba (SP) pelo Grupo Granbio e Raízen, respectivamente, ambas unidades tem capacidade de produzir, juntas, até 182 milhões de litros do etanol 2G por ano.
“Na última década aumentamos a eficiência de nossas enzimas em mais de 15 vezes, aumentando a competitividade econômica desta plataforma tecnológica e contribuindo para a implementação da primeira onda de projetos de etanol celulósico no Brasil”, observa o representante da Novozymes. Para Daniel Cardinali, a indústria de biocombustíveis avançados atravessa um momento de validação que resultará em uma segunda onda de projetos comercias. “Para chegar à esta segunda onda é importante um esforço conjunto das empresas envolvidas nesse setor”, acrescenta.
Na opinião do consultor de Emissões e Tecnologias da UNICA, as empresas e centros de pesquisa ligados à cadeia sucroenergética nacional estão preparados para surfar novos desafios. “Somados à Raízen e Granbio, fazem parte deste grupo a usina São Manoel, que em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) mantém desde 2014 uma unidade experimental de produção de etanol 2G, além da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTEB)”, conclui Szwarc.
Fonte: UNICA
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