Para "estancar a sangria" que levou ao fechamento de 80 usinas e à recuperação judicial de outras 68 no Brasil, a indústria sucroalcooleira espera que o governo continue "desmontando" sua estrutura de controle de preços da gasolina e aumente a Cide que incide no derivado fóssil em níveis bem acima dos atuais R$ 0,10 por litro, afirmou a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina.
A dirigente, que está na CoP 21, em Paris, destacou que as pequenas correções feitas no preço da gasolina neste ano, por exemplo, fizeram o etanol ganhar competitividade a ponto de o consumo de biocombustível ter aumentado 42%. "Se corrigido o preço e se uma Cide maior que R$ 0,10 for anunciada, haverá fôlego para o setor recuperar rentabilidade e estancar a sangria", afirmou.
A dívida acumulada das empresas sucroalcooleiras brasileiras chega a R$ 70 bilhões, sendo 40% em dólar. Empresas emitiram bonds no mercado internacional, no período de juros mais favoráveis, e com a guinada cambial passaram a ter uma pressão maior.
"A situação é muito grave para uma parte das usinas. Mas há empresas bem arrumadas, embora o custo dos recursos seja caro pela perda de confiança na política pública, que é um pouco o que está acontecendo com o resto da economia agora", afirmou ela.
Depois do "efeito devastador" da política do governo sobre o etanol, a expectativa é que as metas de redução de emissões de gases, apresentadas à comunidade internacional, ajudem o etanol. O Ministério de Minas e Energia projeta a produção de 50 bilhões de litros de etanol em 2030, ante os atuais 28 bilhões. "Isso é factível, desde que tenha um rumo previsível. Primeiro, é preciso ter uma política de fato de estímulo aos renováveis, e taxação de carbono, que pode assumir diferentes formatos".
Fonte: Valor
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