Apesar de estar abaixo do estabelecido na legislação de 2007, o mandado de uso de biocombustíveis nos Estados Unidos para 2016, divulgado ontem pela Agência de Proteção Ambiental americana (EPA, na sigla em inglês), foi considerado positivo para o etanol de cana-de-açúcar do Brasil que, nos critérios do EPA, é considerado "avançado" em relação a outros biocombustíveis produzidos por concorrentes por emitir, no mínimo, 50% menos CO2 do que a gasolina.
Em relação à proposta inicial, feita em maio, o documento final da agência ampliou o uso de todos os combustíveis renováveis em 2,68 bilhões de litros, para 68,54 bilhões de litros. Mas houve um aumento abaixo do esperado para o etanol de milho (52,99 bilhões para 54,88 bilhões de litros), o que gerou uma forte reação da indústria de etanol americana. A proposta final do EPA também desagradou às petroleiras, ao elevar para 10,10% a fatia dos biocombustíveis no setor de transporte dos EUA em 2016, acima do limite de 10% do chamado "blend wall", a partir do qual haveria riscos para o setor de transporte, em especial para os motores de veículos.
Mas para o Brasil, o novo mandato para 2016 ficou acima das expectativas, diz o especialista da consultoria FCStone, Vitor Andrioli. De um total de 68,54 bilhões de litros de biocombustíveis que serão misturados nos EUA em 2016, cerca de 5,6 bilhões serão do chamado "outros combustíveis avançados", que incluem o etanol do Brasil ¬ um aumento de 340 milhões de litros frente à proposta feita em maio. Apesar de ser menor do que o mandato de 7,57 bilhões de litros da legislação de 2007, é 44% superior ao volume de 2015.
Andrioli observa que podem "ocupar" essa cota dos "outros combustíveis avançados" também o biodiesel e o etanol celulósico. "Tudo vai depender da viabilidade econômica de os misturadores usarem um ou outro. Se no ano que vem os preços do etanol no Brasil estiverem muito elevados, a ponto de tornar proibitiva a importação pelos Estados Unidos, os misturadores locais tendem a compensar essa cota com outros avançados", avalia.
Neste momento, por exemplo, a "janela" de exportação de etanol do Brasil aos EUA está fechada. Conforme cálculos da trading Bioagência, o anidro vale hoje no mercado brasileiro R$ 1,87 mil por metro cúbico, bem acima dos R$ 1,7 mil que paga a exportação (posto no porto).
Apesar de o mandato ter aberto mais oportunidades ao etanol de cana do Brasil, neste momento, o país deve aproveitar pouco. Como a indústria brasileira não cresceu nos últimos anos, a capacidade de fabricação de anidro está estagnada na casa dos 11,5 bilhões a 12 bilhões de litros, para um consumo interno de 11 bilhões. "Sobra no máximo 1 bilhão para exportar ou um pouco mais, no ano em que o Brasil importa um pouco ¬ como os volumes comprados pelo Nordeste", afirma o diretor da Bioagência, Tarcilo Rodrigues.
Portanto, a maior oportunidade desse mandato para 2016, segundo Rodrigues, está no potencial de valorização de preços do produto brasileiro.
Em 2014, o etanol de cana respondeu por 68,7% do volume de biocombustíveis avançados misturados nos Estados Unidos, conforme levantamento da FCStone. Até outubro de 2015, de acordo com a consultoria, esse percentual foi de 80,1% do total.
Fonte: Valor (dia 02/12)
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