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Boletim Diário do Milho | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

Boletim Diário do Milho

Bolsa de Chicago (CBOT)
Os contratos futuros do milho nos Estados Unidos subiram nesta segunda-feira, com ganhos ocasionados por uma rodada de cobertura de vendidos por
fundos de investimentos assim como compras técnicas num ambiente de sobrevenda. O milho para dezembro/15 encerrou em alta de 7,25 centavos de
dólar, a US$3,84½/bushel. Num primeiro momento do dia, o mercado do cereal chegou a operar do lado negativo da tabela por efeito do avanço da colheita
de milho nos EUA. Por outro lado, as perdas foram revertidas em função de notícias relacionadas a maior demanda pelo produto, visto que o USDA
informou nesta segunda-feira a venda de cerca de 490 mil toneladas do cereal ao México. Os agentes também estão atentos as condições climáticas nos
EUA, visto que ainda existe um número elevado de áreas em enchimento de grão e a produtividade das primeiras lavouras norte-americanas colhidas
estão irregulares, abaixo e acima da projeções do USDA. A firmeza dos preços do trigo também deram suporte adicional ao mercado do milho.
Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F)
Os valores dos contratos futuros de milho negociados na BMF&Bovespa iniciaram a primeira sessão da semana com variações positivas consistentes. O
vencimento novembro/2015, o qual passou a balizar os contratos com lotes da segunda safra brasileira encerrou o dia cotado a R$36,12/saca, com
valorização de 1,80% em relação ao fechamento da sessão anterior, ao passo que o vencimento maio/16, registrou ganho diário de 1,52%, cotado a
R$35,99/saca. O mercado do cereal no Brasil foi impulsionado por movimentos de compras de oportunidade ocasionados pela junção positiva ocasionada
por um dólar apreciado frente ao real e valorização da commodity no mercado externo.
Dólar (US$)
O dólar fechou em alta nesta segunda-feira, terceiro avanço seguido e pressionado por preocupações com as contas públicas brasileiras. O dólar avançou
0,57%, a R$3,9809 na venda. A única vez na história em que ele terminou em patamar mais alto foi em 10 de outubro de 2002 (R$3,99). Na máxima do dia,
a divisa atingiu R$3,999, a milímetros de distância do recorde intradia de R$4. Nas últimas três sessões, o dólar acumulou alta de 3,83% contra o real. O
mercado vem adotando estratégias mais defensivas, com medo de que o Congresso possa derrubar nesta semana vetos da Presidência a medidas que
aumentam os gastos, dificultando o ajuste fiscal. Essas preocupações foram parcialmente reduzidas nesta tarde após Cunha afirmar que derrubar o veto
sobre o reajuste salarial dos servidores do Judiciário seria "colocar mais gasolina na fogueira". Caso o veto for retirado, as contas públicas do país sofrerão,
justamente no momento em que o governo tentar requilibrá-las. A perspectiva de possível perda do grau de investimento do Brasil por outras agências
além da Standard & Poor's também dá força à apreensão. Na cena externa, avaliações de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode
elevar os juros ainda neste ano corroboraram o avanço do dólar. No fim de semana, o presidente do Fed de San Francisco, John Williams, disse que uma
alta de juros ainda deve ser apropriada neste ano. Já o presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, disse que a decisão do Fed de adiar o aumento da
taxa de juros na semana passada foi um exercício de "gerenciamento de risco" para garantir que a recente volatilidade do mercado não se tornará um peso
para a economia do país. A alta do dólar nesta sessão veio mesmo após o Banco Central anunciar nova intervenção no mercado de câmbio, com leilão de
linha. O anúncio veio depois de a moeda norte-americana fechar no segundo nível mais alto na história em relação ao real na sessão passada, influenciada
por rumores sobre o possível rebaixamento do Brasil pela agência de classificação de risco Moody's.
Mercado Interno
No Brasil, os valores do milho posto nos principais terminais portuários do país seguem elevados. Esse cenário foi verificado mesmo diante dos elevados
estoques nacionais depois da colheita de uma safra brasileira recorde. A sustentação continua vindo do dólar valorizado frente ao Real, que eleva a
competitividade do milho brasileiro no mercado internacional ao mesmo tempo que estimula as vendas externas. Nesse contexto, a perspectiva ainda é
de crescimento dos negócios visando o mercado internacional, visto que a maior parte dos contratos realizados antecipadamente até o momento seja
direcionado ao exterior. Por enquanto, registros de line-up seguem apontando um grande número de navios chegando aos portos brasileiros para
carregamento de milho. No entanto, os dados oficiais da Secex indicam que o volume embarcado nas três primeiras semanas de setembro (de 1,66 milhão
de toneladas) ainda está abaixo do verificado no mesmo mês do ano passado (2,1 milhões de toneladas). Por outro lado, a competitividade do milho
nacional segue elevada e os embarques deverão surpreender nos próximos meses. Na média de setembro/15, o preço interno do milho para o referencial
Campinas está cerca de 9% mais barato que o da Bolsa de Chicago em função das condições cambiais. Os preços dos negócios direcionados ao mercado
internacional também seguem acima dos praticados no doméstico. Os contratos para embarques de setembro a dezembro de 2015 registram valores entre
R$34,00/saca e R$36,00/saca, para o produto posto porto de Paranaguá e Santos. O ambiente de sobrevenda da segunda safra também pesou, ao limitar a
pressão baixista típica por ocasião de maiores ofertas.
Comentários
O fluxo das vendas externas brasileiras de milho foi um pouco mais representativo na terceira semana de setembro. De acordo com dados divulgados
pela Secretária do Comércio Exterior (SECEX), foram embarcadas 600,1 mil toneladas do cereal na terceira semana, resultando que elevou o acumulado
do mês para 1,66 milhão de toneladas. O montante embarcado resultou num fluxo médio diário de 127,8 mil toneladas. O resultado representa um
recuperação no ritmo diário dos embarques frente a agosto passado quanto resultaram em 108,8 mil toneladas e, 4,8% superior a igual período de 2014.
Apesar da recuperação dos embarques, o fluxo ainda é pouco representativo, sobretudo num momento onde o país passa a depender de forma decisiva
das exportações a fim de diminuir os elevados estoques nacionais. O que realmente pesa no fraco fluxo das exportações são as limitações estruturais, visto
ainda há carregamentos remanescentes de soja, o que acaba impactando o fluxo de embarque de milho. Mas a expectativa é que a partir de outubro de
2015, o volume de exportações de milho registrado no Brasil possa aumentar de forma mais representativa. Porém o desempenho vai continuar a
depender do comportamento cambial e dos preços do cereal no mercado externo, porque os EUA possui bons volumes do grão estoques. Atualmente, às
oscilações do dólar frente ao real tem ditado o fluxo de compra e venda no país. Mesmo diante dos elevados preços dos fretes rodoviários, os baixos preços
dos fretes marítimos para os principais destinos do milho brasileiro, a melhora na taxa cambial ou aumento nos preços externos no milho ainda garantem
uma maior participação do produto no cenário externo. Para a temporada 2014/15, as exportações brasileiras de milho deverão somar volumes entre 26 e
27 milhões de toneladas, superior ao ciclo anterior (20,9 milhões de toneladas).

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