Os segmentos da agroindústria, infraestrutura e logística devem ser os mais afetados pela perda de grau de investimento do Brasil anunciada nesta quarta-feira, 9, pela Standard & Poors.
A avaliação é do diretor executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni. "Dos elos da cadeia do agronegócio, o da agroindústria é o que mais preocupa.
Responde por quase 30% do agronegócio e os investimentos na área, assim como em infraestrutura e logística, são muito pesados.
Vários fundos e bancos podem desacelerar os aportes nestes segmentos ou cobrar mais caro pelo dinheiro", disse Cornacchione ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
O diretor executivo da Abag disse que, em um primeiro momento, pode não se observar cancelamentos em grande escala de recursos destinados a projetos nestes setores, mas sim adiamento de decisões. Para ele, ainda é difícil precisar o tamanho do impacto da notícia.
A Standard & Poors rebaixou o rating do Brasil de BBB- para BB+ e retirou o grau de investimento do País. A perspectiva negativa da nota de crédito do Brasil permaneceu negativa. Cornacchioni lembrou que muitas empresas e investidores estrangeiros seguem normas internas condicionando seus investimentos a países que tenham grau de investimento. "De saída, o Brasil vai deixar de atrair alguns fundos; outros vão ficar receosos. E há um terceiro ponto a acompanhar: o comportamento das outras agências de rating."
Também reflexo da perda de grau de investimento deve ser a elevação dos custos dos produtos de seguradoras. "Grandes empresas da agroindústria e de logística, que fazem investimentos de grande monta, se garantem com seguros que agora se tornarão mais caros", falou.
Ele comentou ainda sobre a valorização do dólar ante o real após a divulgação feita pela S&P, que eleva os custos em real dos insumos para a safra. Há pouco, o dólar à vista no balcão era cotado a R$ 3,8520.
Para ele, novas altas da moeda norte-americana não devem comprometer a temporada 2015/16, apesar de muitos produtores terem protelado sua decisão de compra e as entregas de insumos estarem atrasadas em relação ao ciclo passado. "A maioria das medidas para a safra 2015/16 já foi tomada. Os produtores que não compraram insumos até agora não vão comprometer a produção, mas terão de reduzir suas margens", afirmou.
Fonte: Estadão Conteudo
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