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Safra 2015/2016 no Centro-Sul deve atingir 590 milhões de toneladas de cana processadas, com prioridade para a produção de etanol | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

Safra 2015/2016 no Centro-Sul deve atingir 590 milhões de toneladas de cana processadas, com prioridade para a produção de etanol

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em conjunto com os demais sindicatos e associações de produtores da região Centro-Sul do Brasil e o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), anunciou hoje sua estimativa para a safra 2015/2016 de cana-de-açúcar. A projeção indica uma moagem de 590,00 milhões de toneladas, crescimento de 18,66 milhões de toneladas em relação ao total processado na safra anterior (2014/2015), que somou 571,34 milhões de toneladas.
Esse aumento da moagem decorre especialmente da expectativa de maior produtividade agrícola da lavoura a ser colhida na safra 2015/2016, devido a melhora nas condições climáticas observadas até o momento.
Segundo o diretor Técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, “a retração na renovação dos canaviais no último ano e o consequente envelhecimento da lavoura devem ser mascarados pelo regime hídrico mais adequado ao crescimento da planta observado no início de 2015”. De fato, a nossa expectativa é de que ocorra um aumento no rendimento da lavoura nesse ano, mas o número final estimado para a safra ainda vai depender do índice de precipitação dos próximos meses, ponderou o executivo.
A menor renovação dos canaviais em 2014 pode ser evidenciada a partir do perfil da lavoura disponível para colheita na safra 2015/2016. Os dados compilados indicam que a área de cana de primeiro corte deve representar apenas 14,5% da área total disponível para colheita no atual ciclo, contra 17,6% verificados na safra 2014/2015.
“A redução na taxa de renovação dos canaviais reflete a difícil situação financeira observada em parcela significativa das unidades produtoras e, apesar de ter seu impacto minimizado esse ano, deverá promover uma redução na disponibilidade de cana para colheita em algum momento nas próximas safras”, acrescentou Rodrigues.
Além da menor renovação e dispêndio reduzido nos tratos culturais da lavoura, a crise vivenciada pelo setor sucroenergético deve promover o fechamento de dez unidades produtoras na safra 2015/2016, com perda de capacidade de moagem estimada em cerca de 12,50 milhões de toneladas. Essa tendência tem sido observada desde 2008, com um total de 67 empresas fechadas apenas na região Centro-Sul do país nesse período. Rodrigues destaca que “a perda gradual de capacidade de esmagamento pode dificultar a moagem de toda a cana-de-açúcar disponível para a colheita na safra 2015/2016 caso o clima seja mais chuvoso do que o padrão histórico observado para o período”. Portanto, é possível que a moagem seja inferior a quantidade divulgada caso a possibilidade de inverno mais úmido se confirme, acrescentou.
Qualidade da matéria-prima
A projeção para a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana é de 135,00 kg na safra 2015/2016, contra 136,58 kg registrados no último ciclo agrícola.
Na safra 2014/2015, o clima extremamente seco favoreceu a concentração de açúcares pela cana-de-açúcar. Esse cenário não deve se repetir neste ano, reduzindo a perspectiva de melhoria na qualidade da matéria-prima.
Adicionalmente, existe a possibilidade de florescimento da cana em algumas áreas e, no último mês, se observou o acamamento da lavoura (cana-de-açúcar deitada devido a ventos intensos) em importantes regiões produtoras. Esses aspectos contribuem para a queda na concentração de açúcares nos colmos da planta.
Produção de açúcar e de etanol
Do total de cana-de-açúcar a ser moída na safra 2015/2016, a UNICA estima que 58,10% deverá ser destinada à produção de etanol, aumento de 1,12 ponto percentual em relação ao registrado na safra 2014/2015 (56,98%).
Com isso, a produção de açúcar projetada para a safra 2015/2016 é de 31,80 milhões de toneladas, quantidade similar àquela apurada na safra 2014/2015 (31,99 milhões de toneladas). Como resultado, as exportações do produto pelas empresas do Centro-Sul também devem permanecer em patamar próximo ao verificado no último ano (22,18 milhões de toneladas).
Cabe destacar que essa tendência de redução na proporção de cana direcionada à fabricação de açúcar é claramente observada nesse início de safra.
Os dados preliminares apurados pela UNICA mostram que apenas 35,86% da cana processada na safra 2015/2016 até 15 de maio de 2015 (74,27 milhões de toneladas) foi direcionada à fabricação de açúcar. Esse valor é sensivelmente inferior aos 39,45% verificados em igual período da safra 2014/2015.
Com isso, a produção acumulada de açúcar na atual safra alcançou 2,85 milhões de toneladas no final da primeira quinzena de maio, registrando queda de 16,47% em relação aos 3,41 milhões de toneladas verificadas na mesma data da safra 2014/2015. A produção de etanol hidratado, por outro lado, apresentou, no mesmo período, expressivo aumento de 16,04% (2,34 bilhões em 2015/2016, contra 2,01 bilhões na última safra).
Especificamente nos primeiros quinze dias de maio deste ano, a proporção de cana-de-açúcar destinada à fabricação de açúcar atingiu 38,33%, ante 42,39% observados na mesma quinzena da safra 2014/2015.
Esse cenário com mix de produção mais alcooleiro fundamenta-se na necessidade de liquidez por parte das unidades produtoras com problemas financeiros, na queda do preço do açúcar no mercado internacional e nas alterações que aconteceram no mercado doméstico de etanol combustível no Brasil.
Entre as alterações observadas domesticamente, cabe destacar o restabelecimento parcial da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) incidente sobre a gasolina; o ajuste do Pis/Cofins aplicado ao derivado; a elevação do nível de mistura do etanol anidro adicionado à gasolina; e a ampliação da competitividade do etanol hidratado combustível devido a mudanças nas alíquotas de ICMS cobrado sobre o produto e sobre seu concorrente (a gasolina) em vários Estados. Nesse contexto, destaca-se a alteração promovida em Minas Gerais, com a redução de 19% para 14% do ICMS incidente sobre o etanol hidratado, paralelamente ao aumento de 27% para 29% na alíquota do mesmo imposto aplicado à gasolina C.
Essas medidas já repercutiram na demanda pelo biocombustível e devem dar suporte à expectativa de maior produção de etanol na safra 2015/2016.
As estatísticas compiladas pela UNICA a partir de levantamento junto às unidades produtoras mostram que em abril o volume de hidratado comercializado pelas usinas e destilarias da região Centro-Sul aumentou 49,51% em relação ao valor observado no mesmo período da safra 2014/2015.
Na mesma linha, informações publicadas pela Agência do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) indicam, em março de 2015, um crescimento de 50,93% nas vendas de etanol hidratado pelas distribuidoras.
De acordo com o diretor da UNICA “as cotações futuras do preço do açúcar no mercado internacional e o potencial de preço do etanol no mercado doméstico ainda indicam uma receita favorável ao biocombustível”. Para que esse quadro se reverta, é necessária uma retração significativa e pouco provável do preço do etanol ou, de forma equivalente, uma elevação do preço do açúcar em reais, acrescentou o executivo.
Nesse contexto, a produção esperada de etanol na safra 2015/2016 é de 27,28 bilhões de litros, alta de 4,33% no comparativo com os 26,15 bilhões de litros contabilizados na safra 2014/2015. Deste montante, 10,95 bilhões de litros serão de etanol anidro (crescimento de 1,78% sobre o volume do último ano) e 16,33 bilhões de litros de etanol hidratado (aumento de 6,10%).
A maior produção de etanol e a redução esperada nas exportações do produto, estimadas em 1 bilhão de litros para a atual safra, devem ampliar a oferta do biocombustível no mercado doméstico e reduzir a necessidade de importação de combustíveis pelo País.
Para a presidente da UNICA, Elizabeth Farina, “parece um contrassenso, mas a situação atual deve estimular um aumento na oferta de etanol em um período de crise intensa no setor produtivo”. Segundo a representante da entidade, trata-se de um momento conjuntural que não deve se repetir nos próximos anos se a crise vivenciada pela indústria não for revertida.
Farina avalia como positivas as medidas que foram estabelecidas pelo governo federal no início deste ano, mas considera prematuro falar em retomada dos investimentos e reversão da tendência de fechamento de unidades produtoras.
“As medidas restabeleceram apenas de forma parcial a diferenciação tributária entre etanol e gasolina. Além disso, ainda precisamos de maior segurança em relação a estabilidade e previsibilidade do ambiente institucional e regulatório no setor de combustíveis. Para retomar o crescimento, o setor precisa voltar a obter retorno positivo no curto prazo. Sem isso, não há como fazer investimentos em capacidade”, acrescentou a diretora-presidente da UNICA.

Fonte: UNICA

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