A liderança do Brasil no fornecimento global de alimentos nas próximas décadas passa necessariamente por uma qualificação imediata da mão de obra rural. A avaliação é de especialistas que participaram nesta semana da 14ª edição do Congresso Brasileiro do Agronegócio (Abag), em São Paulo. O problema, segundo eles, é central e envolve tanto o ganho de produtividade, como a redução do desperdício e dos custos de produção. “Os funcionários das fazendas precisam lidar cada vez mais com mais tecnologias, desafiando também a gestão dos negócios. Para usar a oportunidade que surgirá precisamos desenvolver capital humano para essa agricultura de 365 dias por ano. A logística é um problema mais fácil de enfrentar do que o da mão de obra”, define o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessoa. “Os maquinários de hoje são tocados com GPS, computador de bordo, é muito mais complexo e o operador muitas vezes não tem qualificação para a atividade, mas não é culpa dele”, acrescenta o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
O tema reacende no momento em que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) elevou sua projeção para a população mundial em 2050, para 9,7 bilhões. O Brasil, segundo a entidade, poderá subir ao topo no ranking das exportações globais de alimentos, devido ao seu potencial. Apesar do crescimento contínuo das safras nos últimos anos, na opinião dos debatedores, o país não tem estratégia para assumir essa posição. “A última vez que tivemos uma estratégia foi durante o governo Geisel. A lei do crédito é de 1965; A do seguro é de 2003. Mas estou otimista. Temos hoje uma ministra que entende do assunto e é amiga da presidente”, disse Rodrigues sobre Kátia Abreu, que comanda a pasta da Agricultura desde janeiro. “Demoramos de sete a dez anos na aprovação de patentes para uma nova tecnologia”, destaca Renato Buranello, sócio do Demarest Advogados.
O deputado federal Marcos Montes, presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), teme que a atual turbulência política e econômica pela qual o país vem passando façam o agronegócio perder força. “O meu medo é, por questões burocráticas e ideológicas, que voltemos no tempo”, resume. “No ano passado, a crise já existia. Os custos subiram mais este ano e ainda assim vamos plantar novamente a maior área e vamos fazer, de novo, uma safra recorde”, rebateu Rodrigues, tirando aplausos dos presentes no evento. “Acabando com os ransos ideológicos, podemos ter um ambiente propício ao setor. Temos uma oportunidade extraordinária pela frente. Entretanto, teremos de passar por uma destruição quase total do país”, disse Pessoa.
Fonte: Globo Rural
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