O peso das exportações de açúcar nos embarques totais do Brasil deverá atingir em 2015 seu mais baixo patamar desde 2008. O efeito baixista da alta do dólar sobre as cotações da commodity na bolsa de Nova York é a principal razão para essa queda, também influenciada pelos grandes estoques mundiais do produto.
Em 2014, os embarques renderam US$ 9,5 bilhões, queda de 20% em relação aos US$ 11,8 bilhões de 2013. Essa queda de receita de US$ 2,3 bilhões seria suficiente para reduzir em mais de 50% o déficit na balança comercial brasileira do ano passado, que totalizou US$ 4,4 bilhões.
Entre janeiro e maio de 2015, segundo o Valor Econômico, as vendas de açúcar ao exterior atingiram US$ 2,9 bilhões, 9,5% menos que em igual intervalo de 2014. A participação desses embarques nas exportações totais do país ficou em 3,9%. Segundo estimativas da consultoria FCStone, a fatia se tornará ainda menor até o final do ano, uma vez que a tendência é que o país postergue embarques normalmente feitos entre julho e outubro para d entre dezembro e março.
“No ano passado, a Tailândia jogou as cotações muito para baixo até outubro, pois tinha estoques para desovar. Neste ano, a situação tende a se repetir”, afirmou João Botelho, analista da FCStone. Se essa tendência se confirmar, a participação do açúcar nas exportações brasileiras será a menor desde 2008, quando a fatia ficou em 2,1% conforme levantamento da FCStone.
Em volume, os embarques entre janeiro e maio deste ano chegaram a 8,3 milhões de toneladas, levemente superiores aos do mesmo período de 2014. Portanto, são os preços médios em dólar que de fato estão tendo impacto negativo sobre o resultado final.
Conforme a Secretaria de Comércio Exterior (MDIC), os preços médios de exportação no intervalo foram os menores em cinco anos. Entre janeiro e maio, cada tonelada foi embarcada no preço médio de US$ 348,95, 10,4% inferior ao de igual intervalo no ano passado. A última vez que o preço médio de embarques ficou nesse patamar foi em 2009, quando a tonelada foi exportada, na média, por US$ 344,85.
A produção mundial de açúcar tem sido maior que a demanda há pelo menos cinco anos. São esses superávits consecutivos que vêm pressionando para baixo as cotações internacionais da commodity. Subsídios ao aumento da produção na Índia e na Tailândia estão colaborando para prolongar o cenário de superávit.
Com a oferta global já elevada, as cotações do açúcar na bolsa de Nova York ficam ainda mais sensíveis à valorização do dólar, sobretudo em relação ao real. Isso acontece porque o Brasil é o maior exportadora global da commodity e a moeda americana mais forte estimula os embarques do país, que é visto como o único que pode alterar sua produção significativamente no curto prazo, já que as usinas têm a possibilidade de direcionar suas instalações industriais para o etanol.
Para 2015, a FCStone projeta um volume menor para as exportações brasileiras de açúcar, na cada de 23,5 milhões de toneladas – o que, somado com os preços médios mais baixos, reforçam a tese de uma receita mais enxuta com açúcar neste ano (Assessoria de Comunicação, 15/6/15).
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