As usinas de cana-de-açúcar entram hoje no último mês da entressafra e devem encontrar um mercado mais aquecido na temporada de 2015/2016, que começa no dia 30. Estima-se um aumento na participação do etanol entre os combustíveis consumidos e, em consequência, uma possível queda nas importações de gasolina.
Na avaliação do presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, o cenário para o setor está dominado pelo aumento no consumo de etanol, tanto anidro - pelo aumento na mistura com a gasolina, de 25% para 27% - quanto hidratado - com uma nova demanda que surgiu com a ligeira elevação no preço da gasolina ocasionada pelo retorno da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).
"O aumento no consumo, no fundo, significa a possibilidade de redução nos volumes de importação da gasolina. Isso deve começar a aparecer com as estatísticas do mês de março encerradas", explica o especialista.
Desempenho
Em janeiro, o consumo de hidratado cresceu 13,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 1,252 bilhão de litros, o maior volume desde janeiro de 2009. No mês seguinte, bateu-se um novo recorde: 1,268 bilhão de litros. A quantidade que mais se aproxima desta foi registrada também há seis anos, quando foram consumidos 1,172 bilhão.
"A entressafra de etanol teria um estoque tranquilo e abundante, mas com esse crescimento no biocombustível estamos caminhando para um volume muito próximo dos estoques do ano passado, de 1,2 bilhão de litros", diz.
O etanol se tornou mais competitivo em municípios do interior paulista e nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. Este último por conta de uma modificação tributária na cobrança do ICMS sobre combustíveis que entrou em vigor a partir deste ano.
Mesmo com a expansão, o especialista acredita que a capacidade instalada pode suprir a demanda do mercado.
Neste contexto, a participação do etanol entre os combustíveis consumidos tem aumentado gradativamente e segue em tendência de alta. Levantamento da Datagro indica, em 2012, o percentual era de 30,3%; no ano seguinte, 33,7% e, em 2014, 38,6%.
"Em contrapartida, em 2009, essa participação era de 45%. Ainda temos que caminhar para chegar à recuperação do setor", enfatiza Nastari. Para ele, faltam resoluções ao endividamento das usinas.
Açúcar
Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), como o Brasil é o maior exportador desta commodity, a valorização do câmbio dá importante suporte aos preços domésticos. Na parcial de março, o dólar equivale a R$ 3,14, ante a R$ 2,82 em fevereiro e a R$ 2,64 em janeiro.
"O preço atingiu R$ 0,1199 por libra-peso em função do dólar, o que há muito tempo não se via. Porém, para a próxima safra, a tendência é de um mix de produção mais alcooleiro, pois se espera um ganho na moagem no Brasil e alguns de seus principais concorrentes no mercado açucareiro, Índia e Tailândia. Isso pressiona as cotações", afirma a analista do Cepea, Heloísa Burnquist, e professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq).
Apesar dos estoques altos no mercado de açúcar, Nastari alerta para um déficit global nos próximos tempos. "A relação entre estoque e consumo vem diminuindo aos poucos, está em 46,3%, um ano antes, era de 47,6%", completa.
Fonte: DCI
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