Pouco mais de dois meses à frente da recém-criada Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, Estado líder na produção de grãos no Brasil, o agrônomo com carreira na área econômica Seneri Paludo tem uma meta definida para o agronegócio local: desenvolver a agroindustrialização, para além das empresas que já atuam no processamento de soja e milho, principais produtos agrícolas mato-grossenses.
Em entrevista ao Valor, Paludo, que foi secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura na gestão Neri Geller, defendeu a atração de indústrias nas áreas de piscicultura e insumos agropecuários.
Ele também aposta que Mato Grosso pode ostentar outros rótulos no segmento agropecuário além de apenas "celeiro da soja", se souber construir outras cadeias de produção agropecuária, como a do leite e a hortifrutícola, bastante incipientes na região. Além da agropecuária, sua secretaria também é responsável pelas áreas de turismo, indústria e comércio e minas e energia.
O plano de Paludo passa pela concessão de incentivos fiscais para atrair ao Estado fábricas para industrialização de pescado, indústrias de fertilizantes, de defensivos agropecuários, de máquinas e implementos agrícolas e de produtos veterinários. O plano também prevê melhoria das estradas federais e estaduais que cortam o Estado, eterna demanda do setor produtivo da região, construção de parques tecnológicos, e capacitação de mão de obra fabril, em parceria com o Senai.
Para traçar essa meta, foi criado um grupo de trabalho integrado pelas secretarias de Fazenda, Planejamento, e especialistas da área tributária e financeira da secretaria de Desenvolvimento Econômico.
"Esse movimento de agroindustrialização já acontece em Mato Grosso, mas precisa, sem dúvida, de um empurrão, e aí entram as políticas públicas para atração de investimentos", disse Paludo, citando como exemplo a ser seguido o município de Lucas do Rio Verde, na região médio-norte do Estado. A cidade já reúne uma cadeia industrial com frigoríficos, esmagadoras de grãos, fábricas de biodiesel e de etanol. "Mas não podemos ter apenas Lucas do Rio Verde, precisamos de outros polos agroindustriais".
Segundo o secretário, num primeiro momento, todos os incentivos fiscais dados a empresas pelo governo anterior do Estado estão sendo auditados e permanecem suspensos por 90 dias até o fim de março. Ele ponderou que, para atingir o objetivo, "não é só dar incentivo fiscal, precisamos montar um pacoteespecífico para cada setor."E acrescentou: "Temos um caso clássico em Rondonópolis, da empresa Nortox, fabricante de produtos agroquímicos, que chegou a instalar uma fábrica na cidade, mas saiu de lá dois anos depois por falta de um ambiente de negócios propício para permanecer."
O primeiro setor com maior potencial para ampliar e desenvolver a vocação para a indústria é a piscicultura, segundo o secretário. Isso porque Mato Grosso já responde por 20% da produção nacional de pescado, mas a atividade ainda é concentrada no município de Sorriso, polo agrícola do Estado. "Essa é uma cadeia que está prestes a 'estourar', tem um potencial gigante para acontecer, mas a produção local ainda é in natura, pouco industrializada", acrescenta ele.
Além da necessidade de ampliar o processo de agroindustrialização mato-grossense, Paludo também aponta nichos agropecuários, que se receberem atenção do governo, podem crescer, como a pecuária leiteira. "No caso do leite, temos no Estado algumas propriedades rurais extremamente de ponta, mas uma grande maioria que ainda vive num modelo quase rústico", destacou.
Para o secretário, a saída para desenvolver a cadeia leiteira é oferecer extensão rural para os pecuaristas. "A extensão rural no Brasil foi desmanchada e a de Mato Grosso talvez seja pior que na média nacional", disse.
Fonte: Valor
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