A mecanização na colheita de cana-de-açúcar já atinge 81,3% da safra da região de Ribeirão Preto. De acordo com levantamento divulgado na última quinta-feira (26) pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), no Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) local, que inclui Ribeirão e mais 18 cidades, 290,7 mil hectares de cana foram colhidos com máquinas na safra 2013/14 (período entre setembro de 2013 a novembro de 2014).
Em todo o Estado de São Paulo esse índice foi de 84,8%, com 4,6 milhões de hectares colhidos de forma mecanizada. No ranking de todos os EDRs, Ribeirão aparece em 17º local, atrás de regiões como Lins, Araçatuba e Franca.
Apesar de não ocupar as primeiras posições, o desempenho da região de Ribeirão é considerado positivo, segundo o engenheiro agrônomo Luiz Fernando Zorzenon, da Cati Ribeirão.
“Não é simplesmente comprar e colocar uma máquina para fazer a colheita. A mecanização exige todo um processo, investimento por parte de empresas e produtores”, diz.
Ainda segundo ele, a região só não conseguiu alcançar os 100% de mecanização por conta de áreas com declives. “Como é o caso de terras em Jardinópolis”, explica. Segundo o Protocolo Agroambiental, nessas áreas, o prazo para o fim da queima da palha da cana é 2017.
Ainda segundo Zorzenon, tornar a colheita manual em mecanizada é uma mudança total e irreversível. “Principalmente tem relação com a mão de obra. É algo que tem um impacto muito grande. Em um primeiro momento essa mudança foi bem traumática, principalmente por conta dos migrantes que vinham trabalhar na região”, diz.
O levantamento do IEA mostra que na safra 2013/14, eram 3,8 mil trabalhadores no corte de cana, 11% a menos do que os 4,3 mil da safra anterior.
Segundo Ildeu Soares dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pontal (que faz parte do EDR de Ribeirão), o fluxo de migração diminuiu e a maioria dos cortadores de cana migrou para a construção civil.
Perfil de mão de obra também muda
Com o avanço da mecanização nas lavouras da região, o perfil dos trabalhadores do setor rural também mudou.
De acordo com Ildeu Soares dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pontal, a principal mudança foi a migração dos cortadores de cana para outros setores da economia local.
“Quem mais recebeu esses trabalhadores e abriu vagas foi o setor da construção civil. Mas, para este ano, talvez haja uma dificuldade maior para alguns trabalhadores porque há uma desaceleração.”
Segundo o engenheiro agrônomo Luiz Fernando Zorzenon, da Cati Ribeirão, trabalhadores também mudaram de função dentro de usinas, com a qualificação para a atuação em outros setores, como a operação de máquinas.
Outra mudança que o setor vive hoje, segundo Santos, é a falta de mão de obra. “Como muitos migrantes foram embora e trabalhadores mudaram de setor, é difícil achar gente para as lavouras de cana na região.”
Prazo termina em 2017
As diretivas técnicas estabelecidas pelo Protocolo Agroambiental estipularam para usinas e fornecedores a erradicação total da queima da cana-de-açúcar para o ano de 2014 em áreas mecanizáveis (áreas cultivadas superiores a 150 hectares e declividade inferior de 12%) com metas intermediárias: 70% de mecanização a partir de 2010 para usinas e 60% para os fornecedores de cana-de-açúcar no mesmo ano.
Para áreas não mecanizáveis (cultivadas inferiores a 150 hectares e declividade superior a 12%), o prazo é maior. Tanto para usinas como para fornecedores a erradicação será até 2017 e com metas intermediárias: a partir de 2010, 30% de mecanização para usinas e 20% para fornecedores.
“Em algumas regiões, pequenos produtores estão arrendando suas terras ou migrando para outras culturas em decorrência da proibição da queima da cana, pois a baixa remuneração do setor e a desvantagem econômica em pequenas áreas os excluem”, informou o IEA.
Fonte: Jornal A Cidade de Ribeirão Preto
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