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Sertãozinho Day After: Marcha à Brasília e boicote ao início da safra

Por Ronaldo Knack
A multidão que protestou contra a inação governamental que provocou a crise na dadeia produtiva sucroenergética, na manhã desta última terça-feira em Sertãozinho, assustou e provocou visível mal estar no Palácio do Planalto. As tentativas para esvaziar o movimento e, principalmente, evitar que ele se alastre, não tiveram resultado.
Ao contrário, pois antes mesmo do evento, o coordenador do projeto “Governança Corporativa da Cadeia Produtiva Sucroenergética”, Evandro Ávila, repetiu à exaustão: “Iniciaremos nossos protestos em Sertãozinho, depois iremos à Brasília e vamos boicotar o início da próxima safra enquanto a presidente Dilma Rousseff não atender a nossa pauta de reivindicações”.
Nas próximas horas as lideranças do setor canavieiro devem ser recebidas no Palácio dos Bandeirantes pelo governador Geraldo Alckmin. Ele vai receber o pedido para que seja formada a “Frente dos Governadores dos Estados Produtores de Cana-de-Açúcar”, que passará a ser o viés político do projeto “Governança Corporativa”.
A sugestão de boicote ao início da safra foi feita por José Coral, presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba e repetida em entrevistas à imprensa no evento desta última terça-feira. “Ou a presidente nos atende e passa a nos respeitar, ou então impediremos que a safra 2015/16 se inicie. Se ela quer o confronto, ela o terá!”, esbravejou.
A participação de sindicalistas no protesto de Sertãozinho chamou a atenção de todos. Numa articulação feita a partir da Força Sindical, cerca de 5 mil dirigentes dos sindicatos dos Metalúrgicos, da Indústria da Alimentação e dos Comerciários de todo o Estado de São Paulo, literalmente “invadiram” a cidade e pressionaram para que o comércio não abrisse naquela manhã e para que as indústrias liberassem seus trabalhadores para o evento que fechou durante mais de três horas as rodovias Armando Salles de Oliveira e Carlos Tonani.
Num evento desta magnitude – confira as fotos em http://www.jornalacidade.com.br/multimidia/galeriadefotos/GFOT,0,3,15810,Manifestacao+do+setor+sucroenergetico+parou+Sertaozinho+nesta+terca-feira.aspx – é de se esperar que ocorram alguns “ruídos”. Como, por exemplo, a tentativa frustrada da concessionária das rodovias ViaNorte de, através de um interdito proibitório, tentar evitar a manfestação. O pedido foi negado pelo Poder Judiciário de Sertãozinho.
Ou da negativa de um executivo da São Martinho, de Pradópolis, de conceder autorização para que o avião fretado pelo deputado federal Paulinho da Força (SDD-SP), pousasse na pista da da usina sob o argumento de que a aeronave estava transportando sindicalistas.
Mal sabia o desinformado executivo que os sindicalistas estavam vindo para a região para defender também os interesses dos usineiros com a diferença de que eles, sindicalistas, têm a coragem de se manifestar publicamente em defesa e a favor do setor sucroenergético, enquanto alguns empresários – os mesmos da cota de 30% apontados como responsáveis pela crise pelo prof. Marcos Fava Neves, da FEA-RP/USP – preferem ser omissos e, retrógrados e reacionários que são, acabam ajudando a afundar a cadeia produtiva sucroenergética (Ronaldo Knack é Jornalista e graduado em Administração de Empresas e Direito. É também fundador e editor do BrasilAgro; ronaldo@brasilagro.com.br).


Fonte: Brasilagro