Em reunião no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (23), integrantes do governo federal traçaram cenários sobre a crise hídrica em São Paulo, como a possibilidade de as represas secarem dentro de quatro a cinco meses.
A estimativa foi feita caso a previsão de chuvas não se confirme e não haja medidas mais drásticas do Estado.
Outro cenário, menos pessimista, projetou a possibilidade de um colapso nos reservatórios em setembro.
Na reunião, ficou decidido que a gestão Dilma Rousseff (PT) irá acelerar a obra de transposição das águas da bacia do Paraíba do Sul ao sistema Cantareira, já que a avaliação é a de que a situação de São Paulo é mais grave do que a das hidrelétricas.
Dilma decidiu incluir a obra no PAC. Com a medida, a obra poderá ser contratada mais rapidamente e contar com financiamento garantido de bancos públicos.
Orçada em R$ 830,5 milhões, a transposição faz parte dos projetos apresentados à presidente em dezembro pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). A conclusão, porém, só é prevista para 2016.
Seis ministros participaram do encontro no Planalto, entre eles Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Eduardo Braga (Minas e Energia).
"Está tendo uma vazão afluente muito aquém do que já foi registrado em uma série histórica desde 1930. São 84 anos de monitoramento e nunca se viu no Sudeste brasileiro uma situação tão sensível e preocupante", afirmou a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente).
Levantamento
A Folha fez um levantamento, baseado nos relatórios emitidos pela Sabesp, e observou que, se forem mantidos os atuais regimes de chuva e padrão de consumo de água na Grande São Paulo, todos os reservatórios poderiam chegar ao nível zero em cerca de 140 dias, em meados de junho, em plena estação seca.
A conta considera a velocidade com que as represas que abastecem a região têm caído nos 21 primeiros dias do ano.
Isso indica que, para evitar um colapso, a gestão Alckmin precisará adotar medidas mais drásticas para a redução do consumo --e não ficar só na dependência de chuvas acima da média e na busca por novas fontes de água.
A Sabesp já implantou ações como sobretaxa para quem aumentar seu consumo e redução de pressão do sistema, que deixa as torneiras secas em alguns momentos do dia. Mas já admite a possibilidade de adotar até um rodízio --com distribuição alternada de água entre os diversos bairros.
Se fosse possível juntar todo a água reservada, a metrópole teria hoje 260 bilhões de litros disponíveis --ou 14% da capacidade das represas.
Se por um lado a projeção feita pela Folha leva em conta um período extremamente seco, em que choveu menos do que a média, por outro a Grande SP costuma ter consumo de água menor no início de janeiro, já que muitas famílias estão viajando.
Com uma conta semelhante, aplicada só ao sistema Cantareira, o ex-secretário de Recursos Hídricos Mauro Arce disse em setembro que a primeira cota do volume morto acabaria em 21 de novembro. Errou por apenas seis dias, já que a porção de água acabou em 15 de novembro.
"O ritmo de queda do sistema Cantareira depende diretamente do regime de chuvas. Logo, não há como afirmar que não choverá até março. Para garantir o abastecimento na Grande São Paulo, a Sabesp tem realizado uma série de medidas desde o ano passado para reduzir a retirada de água do Cantareira", diz a Sabesp.
Fonte: Folha de S. Paulo
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